Práticas de higiene digital das senhas precisam ser revistas, aponta laboratório de ameaças

Especialistas da Check Point Software defendem práticas de senhas fortes para proteger os usuários contra ameaças cibernéticas

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No mundo digital, as senhas geralmente atuam como a primeira linha de defesa contra ameaças cibernéticas. No entanto, a sua vulnerabilidade e a complacência na sua utilização muitas vezes deixam-nos como o elo mais fraco. Por ocasião do Dia Mundial da Senha, no próximo 02 de maio, a Check Point Research (CPR), divisão de Inteligência em Ameaças da Check Point Software, defende a necessidade de reavaliar nossas práticas de senha à luz da crescente sofisticação dos ataques cibernéticos.

 

Os perigos da má higiene digital das senhas

A negligência com a senha tem implicações de longo alcance, especialmente para as empresas. Com mais de 23 milhões de pessoas continuando a usar senhas simplistas como ‘123456’, os riscos são alarmantemente altos. Essa segurança negligente pode desestruturar uma organização, levando a violações de dados, exigências de resgate (ransomware) e danos irreparáveis à confiança do cliente.

 

Na verdade, apenas uma única senha fraca pode abrir as comportas para ataques cibernéticos abrangentes. Por exemplo, ataques recentes a grandes organizações, como Okta e 23AndMe, foram facilitados por detalhes de login roubados, demonstrando o impacto generalizado e a ameaça contínua representada por práticas de senhas fracas.

 

Desde explorações de phishing até ataques de força bruta, as técnicas utilizadas pelos cibercriminosos estão evoluindo. Com os avanços na IA, os hackers agora aproveitam algoritmos de aprendizado de máquina para prever e quebrar senhas com mais rapidez que nunca, explorando cada brecha em nossa defesa digital. Essa escalada na capacidade ofensiva exige a adoção de senhas que não sejam apenas mais longas, mas também mais complexas.

 

Possibilidade de futuro sem senha

No cenário digital atual, o papel das senhas tradicionais em meio ao advento da autenticação biométrica é um assunto de debate acalorado entre os especialistas em segurança. Enquanto alguns defendem o abandono completo das senhas em favor de soluções biométricas – como impressões digitais ou FaceID – e alternativas modernas como o Google Passkey por sua conveniência e segurança aprimorada, outros apoiam o uso contínuo de gerenciadores de senhas ou uma combinação de métodos. Apesar dos avanços na tecnologia de autenticação, as senhas tradicionais continuam predominantes em diversas plataformas.

 

A autenticação biométrica, embora segura, tem uma desvantagem significativa: uma vez comprometidos, os dados biométricos não podem ser alterados. Esta vulnerabilidade pode levar ao roubo de identidade irreversível. Por outro lado, as senhas tradicionais podem ser atualizadas frequentemente para evitar acesso não autorizado após uma violação de segurança.

 

Além disso, muitos indivíduos e organizações ainda dependem de senhas para acessar serviços críticos, como e-mail e contas pessoais. No entanto, há uma mudança notável em direção à autenticação sem senha, especialmente em setores com necessidades rigorosas de segurança, como bancos e comunicações corporativas. Essa mudança inclui a adoção de tokens de hardware, autenticação de múltiplos fatores usando dispositivos alternativos e pinos de verificação únicos, oferecendo acesso seguro sem senhas tradicionais.

 

Higiene digital essencial de senhas

Para fortalecer a segurança da senha, os especialistas da Check Point Software recomendam como melhores práticas:

 

Complexidade e comprimento: crie senhas com uma mistura de números, letras e símbolos, visando de 12 a 16 caracteres para aumentar a segurança. Estender isso para 18 caracteres pode tornar uma senha quase inquebrável, dado o aumento exponencial de combinações possíveis. Certifique-se de que a senha seja exclusiva para você e evite usar dados pessoais fáceis de se adivinhar, como aniversários ou datas comemorativas.

 

Senhas exclusivas para contas diferentes: evite reutilizar senhas em várias plataformas. Use frases ou sentenças memoráveis, como ‘meryhadalittlelamb’, ou uma variante mais segura com caracteres especiais ‘#M3ryHad@L1ttleL4m8’.

 

Atualizações regulares: altere suas senhas regularmente para reduzir o risco de violações. Esta prática é crucial, especialmente após incidentes de segurança como vazamentos de dados. Ferramentas como o Have I Been Pwned podem ajudar a verificar se suas contas foram comprometidas em uma violação, solicitando atualizações oportunas.

Autenticação de múltiplos fatores (MFA): sempre habilite a MFA para adicionar uma camada adicional de segurança. Isso garante que mesmo que uma senha seja comprometida, o acesso não autorizado ainda será bloqueado.

 

KPIs de segurança: as organizações devem impor alterações regulares de senha e usar soluções de gerenciamento de acesso privilegiado (PAM) para gerenciar e monitorar o acesso a contas e dados de maneira eficaz. Educar os usuários sobre práticas robustas de senha é vital para fortalecer as defesas contra o aumento das ameaças cibernéticas.

 

Ao aderir a estas melhores práticas, indivíduos e organizações podem melhorar significativamente a sua postura de segurança digital. Os especialistas reforçam que é essencial reconhecer que senhas robustas constituem a base de medidas de segurança eficazes. Mesmo com as tecnologias de segurança mais avançadas, a mais simples supervisão das senhas pode conceder aos atacantes acesso aos sistemas das empresas. Senhas fortes são mais do que apenas uma recomendação; eles são um mecanismo de defesa crítico.

 

“Todos os dias, os cibercriminosos criam novos ataques visando roubar senhas de usuários. Técnicas como phishing possibilitam violar milhares de serviços roubando credenciais, especialmente aqui no Brasil, onde uma organização no Brasil está sendo atacada em média 1.817 vezes por semana nos últimos seis meses (outubro 2023 a março 2024), em comparação com 1.168 ataques por organização globalmente. Nos últimos 30 dias, o Brasil registrou o PDF como o tipo de arquivo mais malicioso anexado via e-mail (64%) e também via web (38%)”, informa Fernando de Falchi, gerente de Engenharia de Segurança da Check Point Software Brasil.

 

“Esse risco pode ser facilmente sanado com o estabelecimento de senhas seguras, tornando muito mais difícil para os cibercriminosos adivinhar essas combinações e garantindo o mais alto nível de segurança para nossos dispositivos”, finaliza Falchi.

 

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