Todas as empresas estão suscetíveis a vazamentos de informações, pois lidam com dados sensíveis de seus usuários e parceiros. Porém, quando falamos do setor financeiro, esse risco pode ser maior. No início deste ano, por exemplo, tivemos mais um ataque a uma importante instituição financeira que expôs o nome completo, CPF e e-mail de seus correntistas, deixando os dados vulneráveis.
Este tipo de falha de segurança da informação torna os clientes propícios a golpes de engenharia social e phishing, enganando os correntistas por meio de mensagens falsas com dados reais. De acordo com a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) o setor bancário é um dos mais preocupados em investir em tecnologia, com um aporte em torno de R﹩ 20 bilhões ao ano.
As fintechs, startups do setor financeiro, são estratégicas para suprir os gaps que os grandes bancos enfrentam, como operações de crédito, aberturas de contas jurídicas e entre outros problemas. Elas são as mais receosas com a segurança da informação dos seus usuários. Esta apreensão não é à toa, o avanço de tecnologias como inteligência artificial e machine learning também fazem com que os cibercriminosos sofistiquem seus ataques, o que certamente põe em risco o investimento dos seus clientes.
De acordo com o estudo Fintech Mining Report 2019 existem 550 fintechs no país. Dessas, 231 surgiram entre 2016 e 2018. 20,73% estão enquadradas na categoria meios de pagamento, e 15,46%, em crédito. Já na divisão geográfica, o Sudeste comporta a maior quantidade de startups do meio financeiro, com 74,5%. O Sul vem em segundo, com 17,9%, seguido pelo Nordeste (4,7%), Centro-Oeste (2,2%) e Norte (0,7%).
Algumas fintechs que são adquiridas por empresas e bancos maiores, como já ocorreu no Brasil, são beneficiadas pelas experiências das instituições financeiras e sua capacidade operacional, por isso investem nos seus processos, sistemas, infraestruturas, e na segurança de seus dados.
Depois da fase das criptomoedas, que já tiveram uma grande influência na transformação do mercado financeiro, o Blockchain é a próxima tecnologia que ouviremos muito falar nos próximos anos. De acordo com a IDC, em seu estudo Worldwide Semiannual Blockchain Spending Guide, os investimento de Blockchain devem chegar a quase 12 bilhões de dólares até 2022.
A tecnologia já é base de importantes evoluções no setor de finanças, por ter um alto padrão de segurança para lidar com quantidades excessivas de dados e uma enorme agilidade para reduzir processos de transações e contratos.
O Banco Central do Brasil (Bacen) é um dos entusiastas do Blockchain e está desenvolvendo um sistema de pagamentos instantâneos que irá substituir o TED e o DOC. A plataforma, que ainda está em desenvolvimento, pretende extinguir as duas formas de pagamento vigentes, conectando bancos, empresas e pessoas sem intermediários. O desenvolvimento da base de dados deve custar cerca de R﹩ 4,3 milhões, já a sua manutenção custará aproximadamente R﹩ 1,2 milhão por ano. Esta plataforma será lançada em 2020.
E falando em Bacen, outro ponto importante é a resolução nº 4.658/18 do Banco Central do Brasil para regulamentação da utilização de serviços de cloud computing por instituições financeiras e outras empresas regidas pelo órgão. Publicada no ano passado, a norma reforça a ênfase no preparo das equipes, tanto internas quanto de terceiros, para lidar com a segurança da informação, e principalmente garantir contenção de prejuízos em casos de incidentes em serviços de armazenamento de dados e de computação em nuvem tanto país quanto no exterior.
Para garantir recursos e investimentos de seus negócios, a segurança da informação é um tema que deve estar sempre na agenda das empresas do setor financeiro, sejam elas startups ou bancos.
Por Carlos Baleeiro, Country Manager da ESET no Brasil