A nova tendência do mercado de apostas online pode oferecer um novo vetor de ataque para os cibercriminosos caso não se adeque às demandas de Segurança e proteção de dados. Esse é o alerta feito pela LexisNexis Risk Solutions na nova edição do estudo “Confidence amid chaos”, publicado hoje (22) pela empresa.
Conforme o estudo, a taxa de transações ocorridas nas casas online de apostas, as chamadas “bets”, subiu 48% em 2023 na região latino-americana, com possibilidade de mais crescimento a partir da abertura do Brasil para os cassinos digitais. Todavia, essa alta rentabilidade do mercado tem atraído atenção a atenção do crime cibernético, visando lavar dinheiro adquirido por golpes financeiros.
Entre os métodos mais utilizados por eles estão a criação de contas falsas a partir de credenciais comprometidas, ou o roubo de logins já existentes. Segundo a pesquisa, a quantidade desses ataques caiu para 7,6% e 0,1% em 2023 devido à chegada maciça de usuários, diluindo o impacto dos incidentes. Entretanto, é esperado que o número maior de usuários amplie também o número de vítimas desses ataques.
“O mercado de apostas ainda não é um dos mais visados pelo cibercrime, mas pode, a curto prazo, se tornar uma superfície de ataques perigosa para os usuários. Através desses métodos, os cibercriminosos terão subterfúgios para direcionar e limpar os valores recolhidos de fraudes financeiras, além de gerar um novo vetor de ataques direcionados”, explica o Diretor de fraude e identidade LATAM da LexisNexis Risk Solutions, Rafael Abreu, em entrevista para a Security Report.
Abreu também ressalta o papel dos smartphones dentro desse novo vetor de ataques. Com 92% das transações sendo operadas via mobile, golpes financeiros que aliam engenharia social e Inteligência Artificial têm se disseminado pelo mercado latino-americano, representando 89% dos ataques iniciados por humanos. É também por esse canal que as bets são frequentemente acessadas e que pode representar um risco a elas e aos usuários.
Esses riscos impõem à jornada do usuário medidas mais adequadas de proteção, desde o primeiro cadastramento até o processo de aposta. O Diretor aponta que uma medida importante é criar meios de análise comportamental do usuário, para detectar eventuais gastos fora da quantidade usual e dos períodos normais de gasto.
“O poder público também precisa estar bastante atento a esse mercado, evoluindo depressa na regulamentação e fiscalização dessa rede de apostas. Nesse caso, seria necessário criar uma dinâmica de monitoramento conjunto do setor financeiro, a partir do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com a proteção de dados, na figura da ANPD”, sugere Abreu.
É também essencial que as bets garantam a lisura das apostas e dos jogadores, de modo a detectar operações maliciosas. “Há uma curva de aprendizado importante a percorrer, em um setor ainda novo no Brasil e na região. Será necessário agregar experiências vindas de outros mercados, incluindo boas práticas e lições aprendidas, para gerar níveis altos de maturidade cibernética”, encerra o executivo.