Q-Day à vista: riscos devem acelerar transição para criptografia pós-quântica?

Embora a computação quântica ainda esteja em fase experimental, adversários já se antecipam ao coletar dados criptografados que poderão ser quebrados no futuro. Para Matt Campagna, especialista da AWS, a resposta da Cibersegurança passa pela mobilização conjunta entre indústria e usuários

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A questão sobre quando a Computação Quântica se tornará uma tendência ativa e alcançável para o mercado de tecnologia segue gerando dúvidas sobre organizações e especialistas sobre o tema. Conforme explica o Senior Principal Engineer e Cryptographer da AWS, Matt Campagna, embora ainda haja tempo até que o processamento quântico seja disseminado, os riscos que a preparação para esse cenário oferecem são críticos o suficiente para que o tema seja pauta central para Líderes de Cyber.

 

Uma dessas ameaças, segundo o especialista, parte da preparação dos agentes de ameaça e cibercriminosos para se posicionarem estrategicamente em um mundo pós-quântico. Essencialmente, sua ação mais concreta foca em coletar registros criptográficos agora para que, no futuro com mais recursos e ferramentas disponíveis, descriptografá-los enquanto continuam em uso.

 

“Hoje, profissionais profundamente vinculados nesses estudos falam de 10 anos a mais de preparação até que a computação quântica seja parte do nosso rol de ferramentas. Todavia, já isso é tempo para que uma linha criptográfica fique obsoleta, e até que uma substituta seja desenvolvida e reconhecida pelo mercado, são necessários mais alguns anos. Por isso esses trabalhos precisam ser feitos quanto antes”, explica Campagna, em entrevista à Security Report durante o AWS Re:Inforce 2025.

 

Diante desse ambiente, todavia, há também a oportunidade de agir com proatividade para se preparar para eventuais ameaças antes que elas se consolidem como críticas ao negócio. Para o executivo, portanto, o setor de Cibersegurança deve aproveitar uma chance importante de analisar os eventuais impactos da Computação Quântica a partir dos impactos que ela pode gerar à proteção de dados por algoritmos.

 

Por isso, a ideia é que os líderes de Cibersegurança sigam no mesmo caminho dos adversários e se adiantem aos possíveis cenários futuros. Isso é feito, segundo Campagna, desenvolvendo os conhecimentos da indústria sobre as eventuais implicações das tecnologias quânticas, aliada a um processo de telemetria sobre as chaves e bibliotecas criptográficas, com vistas a detectar as linhas mais expostas e incluir sobre elas novos padrões algorítmicos pós-quânticos.

 

“Nesse sentido, a estratégia não é tão diferente de uma ação de Security Awareness, se preparando para potenciais riscos futuros. Ao mesmo tempo, em que a indústria amplia suas atividades de proteção pós-quantum nos seus pipelines, os usuários devem estudar suas próprias criptografias para compreender suas demandas mais urgentes. São dois trabalhos que precisam ser movidos de forma coordenada entre ambos os parceiros”, reforça.

 

Futuro de criptografia híbrida

Matt Campagna aponta ainda que a tendência para o mercado Cyber nos próximos anos é um aumento da tendência sobre criptografias híbridas, baseadas nos modelos clássicos mais modernos e pós-quânticos. Na visão dele, diferentemente do que houve com a Inteligência Artificial, o tempo de maturação da Computação Quântica abrirá espaço para que as respostas aos riscos sejam dados antes que a ferramenta seja, de fato, disseminada no mercado.

 

“Eu acredito que o modelo híbrido de criptografia se consolidará antes da Computação Quântica, o que é importante para já respondermos a possíveis ameaças com antecedência. Porém, será necessário que indústria e usuários estejam atentos e ativos para evitar que um eventual hype sobre essa demanda tire o foco da necessidade de preservar a criptografia como meio de proteger os dados”, conclui Campagna.

 

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