Durante painel de debates no Security Leaders Brasília de 2025, o Gerente de Projetos do Conselho Diretor e Assessor para Presidência da ANPD, Jeferson Barbosa, comentou que a aplicação da IA pelo cibercrime, como se vê hoje, tornou o modelo atual de proteção cibernética insuficiente, e por isso, a “aplicação efetiva da IA agêntica será um movimento natural” do mercado, com vistas a reequilibrar o jogo em favor da Cyber e combater o mal uso da IA com a própria IA.
“Especialmente no que diz respeito à velocidade de resposta a incidentes baseados em Inteligência Artificial, aplicar esses novos recursos será crítico para fazer frente aos ataques cibernéticos que estão tomando conta do cenário cibercriminoso brasileiro e global. Já que a necessidade de mudança bate a nossa porta, o melhor a fazer é tomar essa questão como uma oportunidade para fazermos melhor”, acrescentou Barbosa.
Os profissionais de Cyber que participaram da discussão sugerem que o setor oriente seus colaboradores a adotarem os recursos de IA agêntica de forma paulatina, aplicando inteligência autônoma nos processos, mas ainda garantindo, por um período, a supervisão humana. Isso garante que a tecnologia trabalhe com a melhor qualidade possível de dados, enquanto fortalece a cooperação entre os agentes autônomos e humanos.
“Quando temos um novo processo ou um novo colaborador humano na estrutura, aplicar supervisão sobre ele é fundamental para incluí-lo no processo. Agora, a ideia é alinhar a inteligência autônoma com os controles centrados no ser humano, para permitir o aperfeiçoamento de ambos até que se tornem partes de uma mesma estrutura, mais eficiente”, conclui Alberto Peres Neto, Encarregado Governamental e Chefe da Unidade de Inovação da Casa Civil do Distrito Federal.
Apesar disso, será importante à Cibersegurança mantenha-se atenta aos desafios que essa aplicação possa causar. Isso porque, conforme comenta Bruno Ramos, Coordenador de Segurança Cibernética do STF, a possibilidade de autonomia da IA pode, por si, gerar novos desafios internos os quais os profissionais ainda não abordaram, especialmente em relação à qualidade dos dados que alimentam esse recurso.
O Fórum Econômico Mundial reforça esse ponto de atenção: Segundo dados recolhidos no último Cybersecurity Outlook lançado, apenas 37% das empresas possuem processos para avaliar a segurança dos sistemas de IA antes da implementação. “Da mesma maneira que o ser humano tem a expectativa ou a possibilidade de cometer erros durante a atividade que ele está executando, a I.A. agêntica, construída por um ser humano, pode fazer leituras erradas ou criar vieses que não são interessantes”, disse Ramos.
O Painel de Debates “IA Agêntica é o próximo passo da defesa cibernética?” foi apresentado durante o Security Leaders Brasília de 2025. A próxima parada da caravana de painéis de debates e estudos de caso do SL será Porto Alegre, no dia 9 de abril. As inscrições estão abertas e disponíveis pelo link.