Huawei entra no disputado mercado de IA

A gigante chinesa anunciou em seu evento anual, em Shangai, que vai unir computação e conectividade em nuvem para liderar uma oferta inovadora de Inteligência Artificial, batizada de Arquitetura Da Vinci

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No Huawei Connect 2019, que reúne centenas de clientes e parceiros de todo o mundo na cidade de Shangai, esta semana, a gigante chinesa anunciou a disposição de liderar a oferta de plataforma de desenvolvimento de aplicações baseadas em Inteligência Artificial. A intenção é ambiciosa, algo como reinventar o modelo de IA, baseado no tripé conectividade, computação e arquitetura open source em nuvem. Não à toa, a plataforma foi nomeada como Da Vinci, uma referência ao grande inventor.

 

Ken Hu, chairman da Huawei, abriu o evento discursando em mandarim e demonstrando claramente porque a empresa está de olho no mercado de IA, estimado em 2 trilhões de dólares nos próximos cinco anos. O líder chinês admitiu que a empresa tem sofrido nos últimos meses, se referindo às pressões impostas pelo governo americano. Ficou claro no evento que a resposta da Huawei é a união do seu expertise em conectividade e computação para ir além das fronteiras chineses e liderar a corrida da Inteligência Artificial em diversos continentes.

 

A arquitetura Da Vinci está baseada na plataforma Atlas 900, lançada pela empresa como sendo a mais rápida do mercado. A Atlas 900 é composta por um cluster de treinamento de IA cujo diferencial é a velocidade de resposta, demonstrada por Ken Hu em seu discurso de abertura no evento. Segundo ele, conseguir respostas segundos mais rápidas farão a diferença no futuro, tanto em aplicações cientificas de IA quanto em soluções de negócios.

 

A vez da inteligência avançada

Já apresentada anteriormente, Ken Hu considera que só agora o mercado está pronto para consumir a solução de IA oferecida pela empresa. O executivo admite que a companhia é conhecida pela sua oferta de conectividade, mas pondera que a capacidade de computação é como uma irmā da conectividade e que ambas caminham juntas e serão os dois pilares a sustentar o mundo digital no futuro.

 

A aposta da empresa está em levar para o universo computacional sua expertise em conectividade, o que  fará da Huawei uma das grandes companhias a disputar o valioso mercado de IA no futuro. A companhia chinesa concentra suas fichas nesse diferencial convergente, já que irá unir os dois mundos, TI e Telecom. “Somos dedicados à conectividade, tivemos grandes êxitos”, reforça Ken Hu. Hoje, a empresa acredita que o futuro é a junção da conexão ao poder computacional. Esse poder estará relacionado à era da inteligência, baseada em criar sistemas preditivos e não mais só estatísticos. “Os modelos do futuro serão baseados em 80% de poder computacional”.

 

Entretanto, Ken Hu acredita que é preciso “ensinar” a computação, e ela estará a serviço da evolução, o que significa que muitas vezes não se limitará à nuvem, será onipresente. “Vamos ver inteligência em todos os dispositivos e em todas as coisas”. Ele vislumbra um mundo com sua própria capacidade de computação e, nesse universo, também demandará a melhor conectividade. A computação, embora massiva,  será de uso personalizado. “Não será necessário subir todos os dados em nuvem”, decretou ele.

 

Além desse posicionamento sobre nuvem, Ken Hu personifica outra crença da empresa que a IA deve ser inclusiva e “aberta”. A arquitetura de IA foi apresentada pela companhia chinesa como tendo seu código fonte aberto, baseado no modelo open source, tanto em termos de hardware, quanto software.

Com isso, ela investe na propagação de sua arquitetura e esta preparada para apoiar os desenvolvedores com programas específicos de incentivo.

 

Em 2015, a Huawei anuciou um programa de incentivo aos desenvolvedores. Hoje são 1.3 milhāo e 14 mil ISVs ao redor do mundo, mas a expectativa é investir US$ 1.5 bilhāo para alcançar, nos próximos cinco anos, cinco milhões de desenvolvedores. Com isso, a Huawei pretende “democratizar” a Inteligência Artificial, criando um ecossistema ao lado de seus parceiros em todo mundo, oferecendo serviços e treinamento. “Temos muita confiança nesse programa”, sentenciou Ken Hu.

 

Graça Sermoud viajou para Shangai a convite da Huawei

 

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