Banco Central aponta novo incidente cibernético em financeira não autorizada

Em nota divulgada no último fim de semana à vertical de bancos, o Bacen alertou para a subtração indevida de valores financeiros por meio de uma ação digital contra a E2 Pay. De acordo com a companhia, os procedimentos internos de resposta já foram reativados

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O Banco Central do Brasil comunicou ao mercado financeiro neste fim de semana que a E2 Pay foi vítima de um incidente cibernético, que resultou na subtração indevida de valores financeiros da instituição. Esta é mais uma ocorrência que atinge o sistema bancário e de pagamentos nacional em dois meses, quando o caso da C&M Softwares veio a público.

 

A nota do Banco Central, à qual a Security Report deve acesso por fonte anônima, não fornece detalhes específicos de como o incidente ocorreu, nem a quantia que foi subtraída, ou mesmo se houve algum impacto aos usuários. Ela possui caráter preventivo e emergencial, visando mitigar riscos, evitar novos prejuízos e preservar a integridade do sistema financeiro nacional.

 

Apesar disso, ela traz recomendações à todas as instituições para serem tomadas de forma imediata, como, por exemplo, reforçar o monitoramento contínuo de todas as transações financeiras, bloquear e reportar imediatamente valores recebidos da E2 Pay via SPI e solicitar o bloqueio imediato às corretoras de cripto ativos eventuais valores oriundos deste incidente.

 

A autoridade monetária também orienta que as instituições que detectarem transações envolvidas com esse desvio solicitem quanto antes a aplicação do Mecanismo Especial de Devolução (MED) das quantias, especialmente as que forem executadas por Sistemas de Pagamentos Instantâneos, como o Pix.

 

Posição da E2 Pay

De acordo com apuração da Folha de S. Paulo, a E2 informa que a E2 Pay, envolvida com o caso relatado pelo Bacen, é uma empresa que presta serviços de gateway de pagamentos, o que difere a organização, por exemplo, da E2 Instituição de Pagamentos Ltda., que também tem a companhia atingida como cliente.

 

A companhia esclareceu que já foram adotados procedimentos internos de verificação e monitoramento, confirmando a integridade plena das operações. Não teria havido qualquer comprometimento do sistema, e nenhuma outra conta ou cliente está em risco. “A E2 está prestando todo o auxílio necessário à E2 Pay e ambas cooperam com os órgãos reguladores para dirimir a controvérsia e apurar, conter e reaver o montante subtraído”, acrescenta.

 

A E2 Pay, conforme aponta o comunicado do Banco Central, é uma das Instituições Não Autorizadas pelo órgão de participar diretamente do sistema de pagamentos do Pix. O advogado da organização, Guilherme Carneiro, disse ao jornal que a empresa está em processo de solicitar autorização para envolvimento direto nesse ecossistema.

 

Na última sexta-feira (05), o Banco Central anunciou diversas medidas de reforço à Segurança do Pix, que incluíam também elevar a linha de corte para empresas não autorizadas receberem o aval a autoridade. Entre essas exigências, está seguir eventuais certificações técnicas em casos específicos estabelecidos pelo BC. A ideia é que o cronograma de avaliações das Instituições não autorizadas seja adiantado para maio de 2026.

 

Esse também foi o segundo incidente a atingir organizações financeiras em apenas um fim de semana, reforçando o cenário deflagrado que os bancos têm enfrentado nas últimas semanas. Outro incidente que sucedeu a este atingiu o Banco Triângulo S.A., que confirmou a ocorrência em nota ao jornal Valor Econômico. O Tribanco, entretanto, reforço que parte do desvio já foi bloqueado e nenhuma credencial foi comprometida.

 

A Security Report divulga, na íntegra, nota enviada pelo Bacen ao mercado:

 

“Assunto: Alerta de Segurança – Incidente Cibernético em Instituição Não-Autorizada

 

Prezados(as),

 

Informamos que foi identificado incidente de cibernético na E2 Pay, resultando na subtração indevida de valores financeiros.

 

Por isso, recomendamos as seguintes ações de forma imediata:

 

▪ Reforçar o monitoramento contínuo de todas as transações financeiras, mesmo em transações de book transfer;

 

▪ Elevar os níveis de autenticação e vigilância em todos os sistemas de pagamento, incluindo múltiplos fatores de verificação;

 

▪ Bloquear e reportar imediatamente valores recebidos da E2 Pay via SPI no dia de hoje;

 

▪ Solicitar imediatamente MED para valores que eventualmente já tenham saído através do SPI;

 

▪ Solicitar o bloqueio imediato às corretoras de cripto ativos eventuais valores oriundos deste incidente;

 

▪ Integrar e manter em alerta as equipes de segurança operacional e de prevenção a fraudes, garantindo avaliação contínua do risco durante os próximos dias;

 

Este comunicado tem caráter preventivo e emergencial, visando mitigar riscos, evitar novos prejuízos e preservar a integridade do sistema financeiro nacional.

 

Contamos com a colaboração imediata de todos.”

 

*Com informações da Folha de S. Paulo

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