Desde o surgimento, no ano passado, da regulação de dados europeia, conhecida como GDPR (General Data Protection Regulation), o debate envolvendo privacidade e dados tem sido mais do que fundamental no dia a dia de empresas e, principalmente no dos usuários. No caso do Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados, sancionada em 2018 e que entra em vigor a partir de agosto de 2020, vem para garantir que os dados que deveriam ser confidenciais, não sejam comercializados sem autorização do consumidor.
Além disso, essa movimentação tem sido vista em outros países da América Latina, como México, Colômbia e Argentina, com o intuito também de educar os usuários a não fornecerem informações em excesso para terceiros. Isso porque que as pessoas não entendem a real importância de proteger seus dados pessoais, sendo que a maioria entende a necessidade de ter um cadeado – seja de senha ou não – no portão de suas casas. E quando o assunto envolve redes sociais, muitos se perguntam qual é a linha tênue entre informações básicas e ciberexposição, já que Facebook, Instagram e Twitter desempenham um papel muito importante em nossas vidas.
Para se ter uma ideia, de acordo com o relatório da Kaspersky sobre “O verdadeiro valor da privacidade digital”, cerca de 93% dos brasileiros já fornecem seus dados pessoais à essas empresas como moeda de troca por simplesmente expressarem suas ideias, se comunicarem com amigos e/ou parentes – reforçando o fato de que a privacidade não é considerada prioridade. “Há algum tempo, muitas pessoas compartilham seus dados privados com serviços de redes sociais em troca de inúmeros benefícios, sem sequer pensar nas possíveis ameaças ou consequências. Felizmente este comportamento está mudando, cada vez mais os usuários estão conscientes dos riscos, especialmente por conta da frequência de incidentes de vazamento de dados em todo o mundo”, afirma Thiago Marques, analista de segurança da Kaspersky.
Dessa forma, o assunto tem sido trazido à tona de diferentes formas e, a mais recente, em forma de documentário, como é o caso do The Great Hack: Privacidade Hackeada, que estreou quarta-feira, 24, na Netflix. Para Marques, o documentário reforça como os dados podem ser facilmente explorados. “Sabemos que 35% dos brasileiros não sabem como proteger sua privacidade, pois expõem muito suas informações e, talvez por isso acreditem que deixar as redes sociais resolva completamente o problema. Na verdade, para manter os dados pessoais seguros é preciso entender, principalmente, que o que é feito ou dito online pode ser acompanhado por um criminoso, e que estes dados poderão ser utilizados em um ataque tanto virtual como também na vida real e, que depois que a informação é publicada, talvez possa ser impossível apagá-la completamente”, finaliza.