Vacina contra COVID-19 e LGPD: desafios da saúde brasileira em 2021

Artigo destaca três áreas críticas que demandam novos avanços, considerados essenciais às melhores práticas em gestão de proteção

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*Por Luis Arís

 

Provedores de serviços de saúde contam cada vez mais com a digitalização para melhorar e multiplicar o atendimento ao paciente. Com a pandemia, esse quadro se acelerou muito, para o bem e para o mal. A infraestrutura digital de hospitais, clínicas médicas, laboratórios e consultórios se expandiu numa velocidade nunca vista. Nos EUA, por exemplo, relatório da Forrester Research divulgado em março de 2020 previa que as consultas médicas virtuais iriam superar a marca de 1 bilhão. Para a KPMG, outro avanço sem volta diz respeito ao uso de IA (inteligência artificial) em aplicações de medicina: até 2025, 90% dos hospitais norte-americanos estarão utilizando esse tipo de tecnologia. Ainda não é possível mensurar os números desse segmento em 2020, no Brasil. Essa explosão de dados está acontecendo aqui e agora.

 

Com a chegada das vacinas contra a COVID-19, chegam também milhares de dispositivos IoT dedicados a monitorar toda a cadeia de logística – e de equipamentos refrigerados – que suportam o processo de vacinação. Outra frente de batalha é o correto tratamento dos dados sobre a saúde dos pacientes – a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) exige que empresas de saúde atuem preventivamente para evitar vazamento de dados críticos. É impossível resolver esses desafios sem, primeiramente, construir KPIs sobre tudo o que se passa no ambiente hospitalar. A heterogeneidade dos sistemas médicos, muitos proprietários, e sua convivência com sistemas tradicionais de TI tornam o processo de integração de todos os ambientes digitais um grande desafio.

 

Fica claro, portanto, que os ganhos trazidos pela digitalização embutem riscos que, por causa da aceleração dos processos em 2020, talvez não tenham sido plenamente examinados ou equacionados.

 

É essencial que entremos em 2021 alinhados às melhores práticas em gestão da medicina digital. Veja abaixo três áreas críticas, que demandam novos avanços.

 

1) Cada especialidade médica tem dados e sistemas próprios

 

A TI hospitalar inclui os elementos “tradicionais” de TI e, também, sistemas especializados de saúde, com seus ultra específicos formatos de dados, protocolos de comunicação e dispositivos médicos. Todos esses elementos e sistemas coexistem na mesma infraestrutura, o que aumenta o desafio do time de TI.

 

Os dados de uma organização de saúde são tipicamente processados em categorias previamente organizadas:

 

• HIS (Sistema de Informações Hospitalares) – dados essenciais para o funcionamento da organização

• LIS (Sistema de Informações Laboratoriais) – dados laboratoriais

• RIS (Sistema de Informações Radiológicas) – dados de radiologia

• PACS (Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens) – imagens geradas por dispositivos como equipamentos radiográficos, de ressonância magnética, de ultrassonografia ou de videoendoscopia

 

Por causa da LGPD, cada um desses sistemas não só deve ser eficaz mas, também, contar com controles que evitem o vazamento de dados pessoais sobre os pacientes.

 

Cada especialização médica é baseada em soluções tecnológicas próprias, um desafio para a gestão. Os sistemas de TI e a TI médica precisam interoperar perfeitamente. Para isso, necessitam de monitoração centralizada, que suporte multiprotocolos e atue de forma preventiva para assegurar a excelência do ambiente hospitalar.

 

2) Dispositivos IoT espalham-se por hospitais, pela casa do paciente e por todos os lugares

 

Em 2021, a grande aplicação IoT será a monitoração da cadeia logística e dos equipamentos refrigerados responsáveis por armazenar e transportar as doses da vacina contra a COVID-19. Essa é mais uma prova da disseminação e importância estratégica da IoT. Continuará avançando, também, o uso de IoT nos hospitais. Essa tecnologia ajuda a fornecer dados relevantes dos pacientes, o que acelera os processos médicos e a aprimora os diagnósticos.

 

Dispositivos móveis para mensurar os dados clínicos do paciente à beira do leito ou no laboratório estão se tornando cada vez mais comuns. Cresce a cada dia, também, a tendência de as pessoas administrarem a sua própria saúde, em suas residências, usando dispositivos vestíveis, rastreadores de condição física e outros equipamentos de monitoramento da saúde. Segundo o IDC, 50 milhões de dispositivos IoT para aplicações de saúde foram comprados por pacientes norte-americanos em 2019.

 

O que acontecerá com o paciente em situação de risco se o software para de funcionar ou se o dispositivo vestível se desconecta, fica sem bateria ou é desligado?

 

Os serviços de saúde precisam monitorar esses dispositivos para poder garantir um fluxo constante de dados sobre o status da saúde de seus pacientes remotos. Para os hospitais que fornecem dispositivos vestíveis aos seus pacientes, a integração com o seu ambiente de TI é apenas um primeiro passo; os times de TI devem, também, atualizar sua estratégia de monitoração de rede.

 

3) Demanda por performance e eficiência

 

Os dias de espera por resultados e diagnósticos médicos acabaram. Médicos e pacientes desejam acesso rápido a dados do paciente e seu prontuário médico. Atrasos no recebimento de resultados de radiografias, ressonâncias magnéticas, tomografias ou ultrassonografias, ou interrupção no funcionamento de um refrigerador ou de qualquer equipamento médico vital, pode ter impacto direto sobre o cuidado ao paciente e por sua fidelidade a uma determinada organização de saúde. Esses riscos estão levando essa vertical a buscar uma abordagem proativa ao gerenciamento de sua infraestrutura de TI.

 

Sendo simultaneamente pacientes e clientes, as pessoas que buscam serviços de saúde exigem cada vez mais excelência do seu fornecedor. Monitorando o tempo de operação efetiva, a qualidade, a velocidade e a confiabilidade de sua infraestrutura de TI e de TI médica, as organizações podem garantir a eficácia tanto de processos médicos como administrativos.

 

A crise da COVID-19 deslocou a prestação de serviços de saúde para canais digitais. Isso exige que a monitoração dessas aplicações seja excelente, prevendo falhas e alertando os gestores para atuar proativamente, de forma a garantir o atendimento ao paciente e a privacidade dos dados. Essa abordagem permitirá que, em 2021, as equipes médicas se dediquem ao cuidado com a pessoa, com a máxima qualidade e sem nenhum impedimento técnico.

 

* Luis Arís é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler América Latina

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