Próximas ameaças à criptografia virão da computação quântica, alerta IBM

Durante o evento Quantum Summit América Latina, a empresa apresentou a sua visão estratégica a respeito da tecnologia emergente. De acordo com suas lideranças, apesar desse risco, o tempo continua a favor da Segurança da Informação, que deve se manter atento aos novos padrões criptográficos resistentes ao nível quântico de processamento

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Por ser uma tecnologia ainda movendo seus primeiros passos rumo à maturidade, a Computação Quântica deve se tornar um assunto crucial para todas as empresas, como forma de responder com antecedência a potenciais riscos cibernéticos. Esta é a percepção estratégica da IBM no que diz respeito aos impactos do universo Quantum na Segurança da Informação, conforme foi apresentado hoje (30) durante o “IBM Quantum Summit LATAM”.

 

Segundo o Líder Mundial de Desenvolvimento Quantum Safe da companhia, Charlie Robinson, as demandas relacionadas à criptografia serão as mais importantes para o setor. Considerando a capacidade da tecnologia emergente de quebrar os atuais padrões de tecnologia, diversas verticais de negócio que dependem desse meio de proteção de dados podem ver as suas chaves públicas serem quebradas em questão de segundos.

 

Nesse sentido, o executivo aponta que o maior perigo não vem de grupos cibercriminosos particulares, como as gangues de ransomware. Por ser uma tecnologia demasiadamente custosa, até o momento, apenas os Estados-Nação teriam condições de patrocinar quebras criptográficas via computação quântica. Em um cenário de guerra cibernética como a existente hoje, os agentes hostis patrocinados por esses países tendem a apresentar o maior risco em breve.

 

“Temos que pensar nessa futura realidade como o novo normal, pois a criptografia como foi concebida hoje, é o xerife da Cibersegurança, e por isso qualquer risco desse porte contra ele deve ser considerado com atenção. Então apesar de todos os recursos e conhecimento necessários para conceber um computador quântico eficiente, podemos esperar que agentes hostis já estejam empenhados em buscar esses usos maliciosos”, afirmou Robinson em entrevista para a Security Report.

 

Em concordância com a leitura do especialista, alguns dos bancos mais importantes do mercado brasileiro já começaram a direcionar investimentos para esse tipo de pesquisa. O Especialista em Quantum Computing do Bradesco, Jonatas Rossetti, é necessário que o mercado vá além dos estudos sobre os usos do Quantum para o negócio e estude o quê esses avanços podem implicar na Cibersegurança.

 

“A ideia de computadores quânticos que ameacem nossos formatos criptográficos pode se tornar realidade num futuro bastante próximo, especialmente considerando que já existem algoritmos quânticos que coloquem em risco a nossa criptografia atual. Portanto, é essencial entendermos os potenciais maliciosos da tecnologia e nos prepararmos para eles. A inovação por esses meios caminha de mãos dadas à Segurança Digital”, acrescenta Rossetti.

 

Nesse sentido, os executivos da IBM relembram de todo o trabalho movido desde 2016 pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos EUA para estudar novos padrões de criptografia pós-quântica. Segundo eles, a ideia é mobilizar a indústria tecnológica em estudos sobre o tema e mover jornadas de transformação criptográfica de forma preditiva.

 

A partir desse processo, que deve oferecer os primeiros modelos criptográficos em julho desse ano, será necessário movimentar em todo o mercado global em uma jornada de transformação de suas redes de proteção para deixá-las resistentes às tentativas de quebra com computadores quânticos. Para a Diretora de Ciência Computacional e Teoria Quântica da IBM, Katie Pizzolato, esse será o momento para todas as empresas abraçarem o assunto.

 

“Como empresa participante do processo de pesquisa do NIST, nosso trabalho é ajudar as empresas a não entrarem em pânico, e em vez disso, se planejarem para se defender. Para isso, recomendamos sempre um estudo dedicado às melhores modalidades de criptografia, seguido de testagem frequente, e finalmente a aplicação das soluções no core business. Temos que aproveitar a vantagem do tempo e agir quanto antes”, explicou Pizzolato.

 

Esse posicionamento da IBM deve se disseminar por todos os departamentos da empresa, incluindo no Brasil. No país, embora o sistema financeiro esteja adiantado nesse debate, a tendência é que outros setores essenciais, como infraestrutura crítica, passem a participar dessas discussões, em favor do cuidado e da soberania dos dados dos brasileiros.

 

“A Computação quântica será o próximo breakthrough nas nossas vidas, assim como a nuvem já foi e a Inteligência Artificial é hoje. A ideia é que a tecnologia transformará como lidamos com processos de dados em diversos aspectos, incluindo a Segurança e a proteção dos dados gerados. Essas transformações somente podem ser oferecidas da melhor forma a partir da cooperação entre sociedade civil e organizações públicas e privadas”, encerrou Marcelo Braga, Presidente da IBM Brasil.

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