Assim como o Brasil, o Reino Unido tem enfrentado diversos desafios relacionados à proteção do ciberespaço e dos agentes públicos e particulares que atuam nesse cenário. Diante dos diversos riscos que tal ambiente tem exposto aos usuários, o governo britânico adotou uma estratégia transformadora para ampliar o alcance da Cyber através da colaboração multisetorial da sociedade e da indústria local.
Lançada em 2022, a nova Estratégia Cibernética Nacional tinha como objetivo expandir o antigo plano traçado pelo governo britânico, principalmente no que tange o impacto dessa matéria na sociedade. Segundo explica James Norman, Líder da rede diplomática cibernética do Reino Unido na América Latina e Caribe, essa mudança obedece também a uma transformação na mentalidade das pessoas sobre insegurança cibernética.
“Tivemos, em particular, o impacto decisivo do WannaCry, que afetou 34% das gestoras do Sistema de Saúde Nacional (NHS), e forçou o cancelamento de 19 mil consultas. Ocorrências similares levaram a uma década de mudanças na mentalidade dos cidadãos britânicos, fazendo-os perceber que os problemas de Cyber, hoje, se tornaram universais”. Explicou Norman, durante Keynote de encerramento do Security Leaders Nacional, em São Paulo.
Esse divisor de águas levou a formulação de um novo plano estratégico focado no longo prazo, que ampliasse as percepções de Cyber para além da Segurança e envolvesse também empresas particulares e sociedade civil, em um papel tão importante quanto os especialistas e funcionários públicos. Dessa forma, seria possível treinar o conjunto de cidadãos no bom uso do ciberespaço, enquanto se molda essas práticas às necessidades das pessoas.
Norman aponta que esse escopo ampliado da Cibernética inclui formação de um ecossistema amplo e diverso, bem como a criação de processos de resiliência a ataques e problemas de infraestrutura; emprego de tecnologias de ponta; investimento na colaboração internacional e estudo sobre as novas ameaças cibernéticas. O governo, através dessa estratégia, também prevê um aporte de 22 bilhões de libras em pesquisa e desenvolvimento.
O Reino Unido promoveu consultas públicas com a sociedade civil, com o meio acadêmico e com o mercado empresarial para estabelecer uma norma que alcance a todos, em cada esfera da Cibernética nacional. Isso significa também oferecer educação geracional em boas práticas de Cyber e alinhar parceiros nacionais e internacionais para favorecer uma visão de espaço digital mais livre, aberto e seguro”, acrescenta o executivo.
Inteligência Artificial Segura
Em sua apresentação, Norman citou como um dos primeiros exemplos ilustrativos da nova estratégia de Cibernética do Reino Unido a Cúpula de Bletchley, organizada pelo país com mais 27 outros parceiros participando, incluindo o Brasil. Nesse encontro internacional, foi definido uma primeira declaração internacional sobre os riscos da IA, como forma de abordar os riscos de Segurança da IA e suas melhores aplicações para a sociedade.
A reunião de Bletchley também estabeleceu o primeiro Instituto focado nos estudos da segurança da Inteligência Artificial, com o apoio do governo Britânico e das maiores organizações de tecnologia. A Ideia é trabalhar em favor de melhor produtividade econômica enquanto se busca reduzir os riscos da IA, capazes de prejudicar usuários e organizações.
“Sem dúvidas, esse desafio mundial pode transformar economias e vidas, gerando riscos para a segurança internacional. Por isso, todos os setores da sociedade devem fortalecer o entendimento sobre a tecnologia para aplicar os benefícios. O Reino Unido está a frente desse processo e conta com grandes parcerias, como a do Brasil, para formar um ciberespaço mais próspero”, encerrou Norman.