Os desafios da nova Lei Geral de Proteção de Dados na economia digital

Raymundo Vasconcelos, CTO na DXC Technology para a América Latina,, mais do que simplesmente adotar medidas pontuais de segurança da informação e estabelecer regras, é necessário que as empresas realizem um diagnóstico completo da necessidade de implementação de processos.

Compartilhar:

 

Estamos vivenciando a mais importante mudança em proteção de dados das últimas décadas, em que as empresas terão que se adaptar a uma nova lei que as impactará como poucas normas antes fizeram. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (lei 13.709/18), sancionada em 13/8/18, não impactará apenas as companhias com sede no Brasil, mas também aquelas que possuem sede no exterior, mas operam no país.

 

Para quem ainda não a conhece, a LGPD regulamenta o tratamento/fluxo de dados pessoais por instituições. Esse marco normativo estabelece as diretrizes de coleta, armazenamento, compartilhamento e gestão de dados pessoais por parte das organizações.

 

Atentas a esse novo desafio que surge, empresas de tecnologia passaram a trabalhar como parte determinante dessa cadeia, com o papel de implementar processos dentro das companhias para atender as exigências de adequação e conformidade à nova lei. Mas se engana quem pensa que o trabalho é apenas consultivo. Integrar soluções de segurança para enquadrar parceiros à LGPD é muito mais complexo e exige que especialistas no tema implementem uma área de negócios voltada às soluções de governança de dados e segurança. Afinal, torna-se mandatório que se identifique os processos de tratamento junto às áreas relevantes, que se mapeie os fluxos de dados e os principais riscos, obrigações e responsabilidades relacionadas e finalmente que se estabeleça a criticidade de cada processo de tratamento/fluxo de dados, definindo quais processos serão abordados e que se consolide as conclusões de um plano de adequação e conformidade à lei.

 

Por isso, mais do que simplesmente adotar medidas pontuais de segurança da informação e estabelecer regras, é necessário que as empresas realizem um diagnóstico completo da necessidade de implementação de processos. A partir desta etapa, deve-se criar um roteiro das atividades de forma a adequá-las ao novo cenário. Descobrir os gaps entre o que a estrutura do negócio faz atualmente e as necessidades que surgem à luz do sancionamento da LGPD não é uma tarefa simples e requer conhecimento para identificar problemas e experiência para executar as ações preventivas que levam à ideação para solucionar o que não está em conformidade com a lei vigente. Afinal, mais do que apenas aplicar medidas, os processos ligados à adequação e conformidade das instituições à LGPD são uma jornada que passa também pelo treinamento de profissionais e engajamento dos agentes dessa transformação.

 

É então que se apresenta a importância da figura do DPO (Data Protection Officer) no processo de adequação e conformidade e não há como fugir: sem um responsável pelo canal de comunicação entre a empresa, os titulares das informações e a ANPD, não há como se adaptar às novas regras, que entram em vigor em agosto de 2020. As punições financeiras para quem não se adequar a esse novo modelo, inclusive, podem ser severas.

 

É de responsabilidade do DPO criar normas e procedimentos adequados à lei, além de disseminar a cultura de proteção de dados na empresa. Ou seja, o DPO será fundamental nas decisões estratégicas das companhias e terá autonomia para atuar em todas as atividades que envolvam qualquer tipo de tratamento/fluxo de dados e contato direto com a direção da corporação para atuar de modo a adequar a empresa às regras de conformidade.

 

Mas a implementação desse novo cargo pode ser complexa. Isso porque, por não ter expertise no tema e não ser o core business da maior parte das empresas, falhas devem ocorrer caso não haja especialistas envolvidos no treinamento, desenvolvimento profissional do DPO e posterior implementação das ações. As dificuldades para aplicar as medidas sem o apoio desses especialistas podem ser duas: ou a empresa conhece a lei, mas tem dificuldades para concretizar; ou entende os processos de implementação das medidas, mas não conhece a lei por completo.

 

O trabalho de analytics, segurança da informação e capacitação de profissionais feito pela DXC –  empresa independente de serviços de TI end-to-end do mundo – por exemplo, é determinante para criar roteiros dos processos adequados e apropriados perante a norma e garantir que os profissionais envolvidos na linha de frente dos processos de tratamento/fluxo de dados na adequação e conformidade à Lei seja em segurança da informação, ou em áreas de suporte e TI, não sejam impactados por esses processos e sanções.

 

O perfil desse DPO é provavelmente o mais híbrido das empresas. Isso porque o perfil esperado é o de um especialista em segurança da informação, legislação e gestor para garantir que as organizações tornem a proteção de dados mais do que um projeto, mas que ela faça parte de sua essência e cotidiano. Se adequar às novas regras levará as empresas a um novo estágio tecnológico e certamente será determinante para garantir seu sucesso.

 

Raymundo Vasconcelos é CTO (Chief Technology Officer) na DXC Technology para a América Latina

 

Destaques

Colunas & Blogs

Conteúdos Relacionados

Security Report | Overview

Mais de 253 mil senhas foram disponibilizadas na deep e na dark web no primeiro trimestre

Estudo feito pelo SafeLabs para o Dia Mundial da Senha revela que os dados que deveriam ser sigilosos continuam à...
Security Report | Overview

Práticas de higiene digital das senhas precisam ser revistas, aponta laboratório de ameaças

Especialistas da Check Point Software defendem práticas de senhas fortes para proteger os usuários contra ameaças cibernéticas...
Security Report | Overview

Brasil sofreu 60 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos em 2023

De acordo com os dados sintetizados pelo FortiGuard Lab, embora a taxa seja inferior ao registrado em 2022, a tendência...
Security Report | Overview

Itaú Unibanco combate golpe do 0800 com proteção dos usuários

Desenvolvida pela DialMyApp, a tecnologia identifica e exibe um aviso na tela do celular do usuário e interrompe imediatamente a...