* Hugo Costa
Quem nunca fez uma compra por celular? Hoje é mais difícil encontrar uma resposta negativa para essa pergunta. Os smartphones já são como extensões do nosso corpo – usamos para os mais diferentes fins, como nos comunicar, guardar dados e busca-los também. Como disse o inventor norte-americano Ray Kuzwell, uma criança na África, com um smartphone, tem acesso a mais informações do que tinha o presidente dos Estados Unidos há 15 anos. E ele fez essa afirmação lá em 2012.
Nossa relação com a tecnologia mudou e isso se reflete diretamente no comportamento de compra. O e-commerce movimentou, por exemplo, R$ 41,3 bilhões no ano passado de acordo com a 33ª Edição do Webshoppers. A tão falada jornada do consumidor se transformou. Hoje são vários os pontos de contato com o cliente; o conceito de omnichannel ganhou força, pois, para o público, pouco importa o meio de compra. O mais importante é a experiência que ele tem com marca e cada vez mais a personalização é um diferencial.
Existem hoje diferentes gerações no mercado de trabalho com poder de compra e cada uma delas tem uma expectativa diferente com relação aos meios de pagamentos. A customização precisa existir também para este aspecto. O mobile banking, por exemplo, é uma forte tendência. A Federação Brasileira de Bancos aponta que as transações bancárias via celular ou tablet cresceram 138% em 2015. O total de operações chegou a 11,2 bilhões, número que, para ter uma ideia, em 2014 era de 4,7 bilhões.
Transações através de dispositivos móveis são uma grande oportunidade de negócios. Mas, ao mesmo tempo, esse cenário abre brechas para novas tentativas de golpes e invasões. A tendência é de que, com o tempo, os criminosos aprendam mais sobre os novos sistemas e explorem, em maior escala, suas vulnerabilidades. Estamos em uma fase inicial de fraudes nos canais de pagamentos móveis, mas provável que em dois ou três anos esse tipo de violação se torne mais comum, com o desenvolvimento de malwares específicos para o ambiente mobile.
Para reduzir os riscos, instituições financeiras, provedores de tecnologia e demais players têm utilizado a segurança em camadas. Inclusive para fraudes focadas em canais móveis, que já acontecem nos Estados Unidos, onde é possível identificar golpes com os cartões de dispositivos mobile. Os fraudadores carregam informações de cartões de crédito roubados em dispositivos legítimos, o que lhes permite efetuar compras fraudulentas até que o banco ou os varejistas detectem o golpe.
Vale lembrar que parte dos riscos de fraudes mobile é o mesmo observado no ambiente do online banking e comércio eletrônico, como o roubo de identidade e aquisição de contas. Nestes casos, as invasões podem ser minimizadas se os usuários melhorarem seu comportamento em relação às transações eletrônicas.
O mundo conectado tornou possível a acessibilidade em larga escala, e embora esse fator seja positivo sob várias perspectivas, também contribui para a invasão de informações privadas. Cabe também a cada um de nós ter mais zelo com os dados disponibilizados virtualmente para evitar brechas para possíveis fraudes e invasões.
* Hugo Costa é diretor geral da ACI no Brasil