O monitoramento constante do ciberespaço no Reino Unido enfrenta grandes desafios. Em resposta ao ataque de sábado por extremistas em Londres, a primeira-ministra Theresa May prometeu novas restrições a formas de propaganda e de comunicação online, as quais podem afetar serviços como o YouTube, da Alphabet, e o WhatsApp, do Facebook.
Tais medidas podem funcionar no âmbito da política, mas para efetivamente acontecerem, elas precisam fazer sentido tecnológica e economicamente.
Após o terceiro ataque mortal no Reino Unido em três meses, é compreensível que May esteja ansiosa para responder. Seu governo parece ter dois objetivos em mente: identificar material extremista online e comunicações criptografadas que podem ser usadas para planejar ataques.
Há um bom argumento para exigir que o YouTube, Facebook e outros atuem mais rapidamente para suprimir conteúdo que promove o ódio. Grandes empresas de internet estão relutantes em fazer julgamentos sobre o que os usuários publicam. Se o governo de May — assumindo que ganhe a eleição de quinta-feira — opte por aprovar leis que limitam a propaganda extremista, as companhias terão de cumprir.
Aplicar regulamentação à comunicação é algo mais complicado. Amber Rudd, ministra do Interior do Reino Unido, criticou serviços, como o WhatsApp, que codificam mensagens, para que apenas o remetente e o destinatário possam lê-las. Uma sugestão é que os provedores devem dar aos governos uma chave para decodificar as mensagens. Isso não apenas aumenta só levanta preocupações de espionagem, mas também torna os serviços de mensagens vulneráveis a hackers.
Grandes empresas de internet já chegaram a ceder a pressões políticas: o governo britânico cobrou 130 milhões de libras de impostos atrasados da Alphabet no ano passado. No que diz respeito à contenção do extremismo online, no entanto, qualquer repressão enfrentará um choque de realidade.
*Com a agência de noticias Reuters