A reunião anual do Fórum Econômico Mundial ocorreu durante essa semana e reuniu autoridades públicas e líderes globais para tratar dos temas mais importantes da Economia internacional. A Cibersegurança segue como um dos assuntos mais importantes debatidos no encontro, com destaque para as tendências do reporte “Global Security Outlook 2024”.
Ocupando pela primeira vez o papel de destaque do relatório, a Iniquidade Cibernética foi apontada como o grande desafio a ser enfrentado em 2024. Isso porque a desigualdade entre empresas apontadas com baixa e alta maturidade cresceu, além disso, o número dos “meios termos”, ou seja, companhias com controles básicos de segurança, também avançou.
Isso indica como as organizações com níveis medianos de maturidade se dividiram entre as que evoluíram suas estratégias de Segurança ou não, ampliando a porcentagem dos mais e menos resilientes para 39% e 25%, respectivamente. Enquanto isso, as organizações na média de resiliência caiu de 51% para 36%.
Conforme a análise do Fórum, esse fenômeno atingiu particularmente as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), majoritariamente menos confiantes com seus níveis de maturidade Cyber. O grande problema desse cenário, segundo o reporte, envolve o nível de interconexão da economia moderna: 98% das organizações têm relações com um parceiro terceirizado que sofreu algum incidente nos últimos dois anos.
“A acessibilidade econômica é um fator determinante ao sucesso da resiliência cibernética. Portanto, devemos projetar arquiteturas adequadas ao risco, acessíveis e aderentes ao uso para todo tamanho de empresa, das grandes multinacionais às PMEs. A Segurança do ecossistema digital depende disso”, afirmou Abhay Raman, vice-presidente sênior e CISO da Sun Life.
Como forma de responder a essa demanda, as lideranças do Fórum Econômico Mundial apelaram aos representantes da iniciativa privada e dos governos para formularem medidas coordenadas de resposta à desigualdade cibernética entre os atores mundiais. A sugestão é de trabalhar coletivamente em direção a ações imediatas e estratégicas que ajudem a criar um ciberespaço mais resiliente.
“Conforme o domínio cibernético evolui em resposta às tecnologias emergentes e às mudanças nas tendências geopolíticas e econômicas, o mesmo acontece com os desafios que ameaçam nosso mundo digital. Precisamos urgentemente de uma ação coordenada dos principais stakeholders público-privados se quisermos enfrentar essas ameaças complexas e construir um futuro digital seguro para todos”, afirmou o Diretor Administrativo do Fórum, Jeremy Jurgens.
Tecnologias emergentes
Seguindo a tendência dos debates sobre tecnologia no encontro em Davos, o estudo de Cyber Security também destacou os potenciais impactos gerados ao setor pela Inteligência Artificial e outras tecnologias emergentes. De acordo com a percepção do mercado captada pelo WEF, a chegada desses recursos também irá aumentar os desafios preexistentes.
De acordo com 56% dos líderes corporativos consultados pelo reporte, ao menos nos próximos dois anos, a IA deverá favorecer especialmente os agentes de ataque do cibercrime, enquanto apenas 9% consideram que a Cibersegurança será mais beneficiada. Além disso, na visão de 46%, o recurso será usado especialmente para melhorar capacidades básicas dos adversários, em especial em criação de phishing, malware e golpes baseados em deepfakes.
“Tanto em relação à IA quanto qualquer outra das tecnologias emergentes, nossas defesas precisam ser fortalecidas em todas as áreas, pois os vetores de ataque costumam permanecer os mesmos. A mudança está na amplitude dos impactos”, comenta o CISO Global da Accenture, Kris Burkhardt.
Mesmo assim, as lideranças consultadas reconhecem as grandes oportunidades da Inteligência Artificial na Cibersegurança, especialmente automatizando atividades repetitivas que exigem análise de grandes quantidades de dados. Todavia, a proposta é evoluir ainda mais nesses conceitos, com o objetivo de aplicar a ferramenta para atividades proativas capazes de melhorar a maturidade das instituições digitalizadas.