Expansão de novos concorrentes do mercado não tem considerado devidamente todas as ações necessárias para mitigar os riscos de fraude cibernética. Nesse aspecto, usar recursos tecnológicos e basear-se em análises diversas das companhias torna-se fundamental
*Por Jose Luis Vargas
Um dos principais alvos dos cibercriminosos no mundo, o Brasil tem assistido a um aumento considerável no número de ocorrências que envolvem fraudes de identidade sintética, quando uma nova identidade é criada a partir da combinação de informações falsas e verdadeiras. De acordo com estudos do setor de cibersegurança, a tendência é que ações do tipo continuem a evoluir, uma vez que o volume de informações pessoais disponíveis online não para de crescer. Soma-se a isso o fato de que as identidades sintéticas podem ser aplicadas em escala, atingindo assim rapidamente várias organizações.
Analisando o setor financeiro, vemos um cenário no qual há um boom de novos players, com a chegada das fintechs e das instituições financeiras não bancárias, organizações não tradicionais que hoje se consolidaram como umas das opções para pessoas físicas e jurídicas em busca de crédito e outras soluções. Nesse contexto de disrupção, caracterizado por grande volume de dados em circulação e enorme variedade de produtos e serviços, notamos que nem todas as instituições contam com estratégias fortes de detecção de fraude, uma tempestade perfeita que cria mais oportunidades para os cibercriminosos e ainda permite que eles passem despercebidos por longos períodos.
Desta forma, torna-se fundamental que as organizações tenham uma plataforma de decisão baseada em Inteligência Artificial para fazer a verificação de identidades com rapidez e precisão. Isso inclui orquestração para trazer dados de várias fontes ao processo de decisão e aplicar IA para detectar qualquer sinal de possível fraude em tempo real, de modo que etapas de verificação adicionais sejam executadas quando necessário.
É por isso que ter acesso a várias fontes de informações é tão importante – é possível ver os dados corretos em diferentes pontos da jornada. E aqui se manifesta o principal benefício do uso da IA: sua capacidade de ficar mais inteligente a cada decisão que processa. Assim, à medida que os fraudadores evoluem seus métodos, os modelos de IA usam dados em tempo real para identificar novos padrões, aprender e se adaptar para detectar constantemente ameaças de fraude e minimizar riscos, garantindo total conformidade com os regulamentos exigidos e adicionando novas camadas de proteção.
O acesso em profundidade a fontes de dados tradicionais e alternativos permite identificar até mesmo as anormalidades mais sutis durante verificações de fraude e integração de novos clientes. Identidades sintéticas, por exemplo, são comumente usadas por fraudadores para abrir contas, o que pode ser difícil de detectar, já que a fraude consiste em usar alguns elementos legítimos para passar despercebidos.
Os dados alternativos podem fornecer as pistas necessárias para analisar detalhes como pequenas alterações de e-mail ou até mesmo se a geolocalização do suposto cliente corresponde à atividade de suas redes sociais. Assim como a inovação do sistema financeiro, a necessidade de tecnologias inteligentes e automatizadas para fazer frente à ação dos cibercriminosos é um caminho sem volta.
Jose Luis Vargas é Vice-Presidente Executivo para a América Latina da Provenir