ESPECIAL SECURITY LEADERS – BURNOUT: Ameaça invisível assusta pelo alto risco à saúde física e mental

Esse ano, a programação do Congresso Security Leaders Nacional trouxe na sua grade de conteúdo um tema extremamente relevante, a Síndrome do Burnout. Em palestra e entrevistas o tema foi tratado por representar, hoje, uma grande ameaça no mercado de Segurança da Informação. O assunto foi destaque na palestra de Leandro Ribeiro, Gerente de SI do Hospital Sírio Libanês, que também destacou em entrevista à TVSecurity como identificar sintomas e melhores caminhos de prevenção. Gil Santos, Head de SI da Gupy, também falou sobre o assunto. O conteúdo está reunido nesse especial

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A programação do Congresso Security Leaders Nacional 2022 destacou uma série de conteúdos relevantes que estão nas agendas dos CISOs, líderes e profissionais que atuam na linha de frente da cyber defesa. Entre tantos cenários de crise, a Síndrome do Burnout tem se tornado uma ameaça silenciosa, com alto risco à saúde física e mental dos times de Segurança.

 

O cotidiano desses profissionais é estressante diante da escala global de ciberataques, com expectativas de que as coisas podem piorar muito. Pesquisas mostram também que muitos profissionais da área consideram mudar de profissão devido ao estresse de lidar com cenários de crise, além de esgotamento físico e mental. Estando expostos à tamanho nível de cobrança, é bastante comum a esses profissionais sentirem efeitos negativos tanto na mente quanto no corpo.

 

Este tema foi tratado durante a palestra “Burnout: Uma ameaça invisível do Líder de Segurança”, ministrada por pelo Gerente de Segurança da Informação do Hospital Sírio Libanês, Leandro Ribeiro. Nessa apresentação, o executivo falou abertamente a respeito de todos os riscos de saúde que a carga horária frenética e a quantidade pesada de trabalho impõem aos CISOs e líderes de SI, além de todas as consequências advindas disso para o indivíduo e para as empresas.

 

Em relatório publicado em 2019, o Chatered Institute of International Security informou que 36% dos profissionais de Segurança da Informação disseram ao menos conhecer alguém que tenha se afastado da atividade devido à enorme carga de trabalho e a efeitos da Síndrome do Burnout. Em outro estudo, agora do World Economic Forum, 77% dos profissionais ligados à área de SI trabalham em uma carga de horas entre 31 e 50 horas semanais. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que a jornada semanal de trabalho fique entre 35 e 40 horas.

 

“Todos sofremos muito com o cenário de crise cibernética e isso impacta no processo de contratação, inclusive. No Brasil o número de vagas abertas está por volta de 411 mil. Além disso, 70% das organizações falam da dificuldade de contratar profissionais e, muitas vezes, mesmo depois de selecionado e já fazendo parte da equipe, esse colaborador é sobrecarregado com diversas disciplinas”, disse Ribeiro.

 

O executivo ainda aponta que mercado dificilmente abre espaço para reorganizar a própria jornada de trabalho, uma vez que a função exige atenção constante ao risco de ataques e crises de vazamentos. “Os CISOs e os profissionais de SI se alimentam e descansam quando dá, pois nunca sabem quando haverá um incidente. A resposta ao ataque não se faz em 10 ou 15 minutos, mas sim, em horas, dias e até mesmo meses”, completa.

 

Causas e respostas ao burnout

 

Durante a palestra, Leandro Ribeiro apontou cinco motivos que tendem a levar o profissional de Segurança da Informação a ter sintomas de burnout: trabalho excessivo em uma carga horária muito grande; eventos externos que aumentam sensação de insegurança; o próprio estresse cotidiano; e o pouco cuidado com as saúdes física e mental, devido à falta de tempo.

 

“Logo, os problemas vão se acumulando no meio psicológico e físico, causando perda de sono, falta de autocuidado devido ao aumento na carga de trabalho. O relacionamento com as pessoas sai prejudicado em prol de trabalhar e produzir relatórios”, ressalta o gestor de cibersegurança do Sírio Libanês.

 

Em casos evidentes de abatimento por conta de sintomas do burnout, ele recomenda, antes de qualquer outra coisa, a consulta com um médico clínico, para que os efeitos possam ser avaliados e, assim, se estabeleça o melhor tratamento. Além disso, existe um conjunto de práticas que podem ser adotadas no dia a dia para que não haja um acúmulo desnecessário de estresse no corpo humano. Através da atividade física, por exemplo, é possível forçar a produção de hormônios como a endorfina, capazes de minorar os efeitos da exaustão causada pelo estresse.

 

“O contato com a natureza também é muito importante”, diz Ribeiro. “Ir à praia ou ao campo, colocar os pés no chão, andar descalço para descarregar toda essa energia negativa que pegamos durante o dia. Isso ajuda a tranquilizar e concentrar mais. Meditar também é uma forma de liberar o estresse e melhorar a performance”, completa. A palestra do executivo está disponível na íntegra no canal da TVSecurity no Youtube.

 

Para os participantes do evento, a experiência foi bastante eficiente por ser capaz de colocar no centro do debate uma questão de bem-estar e cuidado com o profissional de cibersegurança. “Compartilho uma experiência própria, já que, em setembro de 2020, fui afastado por conta da Síndrome de Burnout. No meu caso, muitos sintomas já existiam em mim, mas acabei ignorando os sinais que eram claros”, comentou Gil Santos, Head de Segurança da Informação na Gupy em entrevista à diretora editorial da Security Report, Graça Sermoud.

 

Gil também ressaltou a importância do acolhimento promovido pela companhia ao profissional abatido pelo burnout, além de medidas adicionais de prevenção e cuidado do bem-estar cedidos pela organização. A entrevista com o executivo também está disponível no canal da TVSecurity no Youtube.

Leandro Ribeiro também deu entrevista à Graça Sermoud durante o Security Leaders Nacional e destacou outros pontos sobre o ambiente de pressão pelo qual os profissionais de Segurança lidam diariamente. A entrevista está disponível na íntegra no Youtube.

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