Crise se amplia e já são mais de 56 mil demitidos nas Big Techs

Os maiores cortes estão concentrados em empresas como Google, Microsoft, Amazon, Meta e Salesforce. Na área de SI, a Sophos informou demissão de 10% da sua força de trabalho em todo mundo. Para líderes do setor, essa movimentação é natural diante dos desafios macroeconômicos, mas cortes devem continuar uma vez que os investidores estão carentes de cases de sucesso com resultados reais e sustentáveis

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2023 mal começou e a crise nas Big Techs segue em destaque nas manchetes. Segundo os dados da startup Layoffs.fyi, que acompanha demissões no setor de Tecnologia desde a pandemia do COVID-19, os primeiros dias do ano já contabilizam mais de 56.500 demissões em 174 empresas globais do setor. No ano passado, foram mais de 158 mil funcionários dispensados em 1.035 organizações deste segmento.

 

Nesta segunda-feira (23), a Spotify Technology anunciou planos de redução da força de trabalho em 6%, aproximadamente 600 colaboradores deixarão a empresa. Na semana passada, a Alphabet (Google) fez um corte de 12 mil empregos, 6% da sua força de trabalho em áreas de produtos. Outra gigante de tecnologia, a Microsoft vai dispensar 10 mil funcionários até o final do terceiro trimestre do ano fiscal de 2023.

 

Os grandes players ampliam o grupo de empresas que estão seguindo pelo caminho da redução da força de trabalho à medida que a economia global desacelera. Na área de Segurança da Informação, a Sophos informou na semana passada demissão de aproximadamente 450 funcionários, 10% da sua força de trabalho em todo mundo. Segundo a companhia, a iniciativa tem como objetivo alcançar o equilíbrio ideal entre crescimento e lucratividade em meio à desaceleração econômica.

 

Apple, Amazon, Meta e Salesforce também sentiram os impactos macroeconômicos. No início do ano, a Salesforce informou ao mercado um plano de reestruturação destinado a reduzir custos operacionais, melhorar as margens operacionais e a continuar avançando no compromisso contínuo da empresa com o crescimento lucrativo. Segundo explicação, o plano inclui uma redução da força de trabalho atual da empresa em aproximadamente 10% ou 8 mil funcionários.

 

De acordo com Ricardo Castro, Information Security Manager da Creditas, a Salesforce pode estar vivendo um fenômeno ‘rebate’ da crise mundial das Big Techs e em um espectro mais amplo, da recessão mundial. “Todo mundo está sendo cobrado e a companhia se encontra em uma posição onde, além de apertar o próprio cinto, pode estar experimentando uma queda de receita fruto dos cortes dos seus clientes. Eu diria que essa é uma consequência ruim, mas natural dado o momento do mercado”, comenta Castro em entrevista concedida à Security Report.

 

Para ele, esse movimento de reestruturação vai continuar, uma vez que os investidores estão carentes de cases de sucesso com entrega de resultados reais e sustentáveis. Castro acredita que, com resultados apresentados e reputação restabelecida, uma onda poderosa de crescimento pode ser vista.

 

Para se ter uma ideia da crise, o CEO da Amazon, Andy Jassy, também confirmou a demissão de 18 mil funcionários, cerca de 5% da força de trabalho corporativa da companhia, que soma cerca de 350.000 pessoas. A base total da empresa de 1,5 milhão de funcionários inclui trabalhadores de depósitos, que não fazem parte desses cortes.

 

Na visão de Clayton Soares, DPO e Gerente Executivo de Governança de TI e Segurança da Informação no Grupo Pague Menos, essa reestruturação na indústria é algo natural no mercado que precisa ajustar as despesas para realinhar o atingimento de seus objetivos estratégicos, principalmente devido o fim da pandemia e a necessidade de rever alguns conceitos e ações aplicadas até então.

 

Ainda para o executivo, esse movimento de adequação vai continuar nos próximos meses de 2023. “Até que as empresas encontrem novamente seus pontos de equilíbrio neste momento pós-pandemia. Entretanto, vejo que não será uma regra e que muitas empresas vão sair do outro lado sem baixas, pelo contrário, aumentando ainda mais seus colaboradores”, comenta Clayton à Security Report.

 

Ricardo avalia que as Big Techs têm um apetite gastador e, na hora de cortar, os ajustes podem ser bruscos demais e gerar dois efeitos ruins. “O primeiro envolve o efeito manada no mercado, vendo que o vizinho decidiu cortar ao invés de reavaliar custos, o corte seco vira tendência”, pontua Castro.

 

Já o segundo ponto compartilhado pelo executivo é a invariavelmente perda de capital intelectual. Para ele, quem passa por cortes dessa forma não fica sem reflexo em processos internos ou sobrecarga. “O efeito de layoffs pesados e sem planejamento é a quebra de produtividade no curto prazo”, finaliza.

 

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