O contexto global de Cibersegurança segue se consolidando e enfrentando um número crescente de ameaças capazes de desestabilizar organizações públicas e privadas em todo o mundo. Foi essa percepção que as lideranças do governo dos Estados Unidos trouxeram durante suas participações no palco da RSA Conference. Essa leitura vem acompanhada da demanda por maior atenção e colaboração no combate à insegurança do ciberespaço.
A Diretora do Cybersecurity and Infrastructure Security Agency (CISA), Jen Easterly, aponta que entre as principais ameaças à Cibersegurança global, atualmente, estão os agentes hostis patrocinados por estados-nação para atuarem em cenários de Ciberguerra, especialmente os originários de atores geopolíticos rivais ao governo norte-americano, como China, Rússia e Irã.
Segundo Easterly, essas ameaças readaptaram suas formas de gerar resultados ruins a partir dos ciberataques, pois hoje se tornou mais interessante inserir-se na infraestrutura crítica dos alvos e disparar ataques disruptivos e destrutivos, deixando o roubo de dados ou propriedades públicas, ou mesmo operações de ciberespionagem, em segundo plano.
Da mesma forma, há a expectativa de que o custo global do cibercrime exceda a marca de 10 trilhões de dólares até o próximo ano, especialmente movido pelas operações de famílias de ransomware mais eficientes e direcionadas a ataques de maior perspectiva de sucesso. Rapidamente, essas atividades maliciosas se tornaram um negócio altamente lucrativo, que impõe seu próprio nível de risco a países e organizações.
“São esses riscos que precisam movimentar os próximos passos da cultura de Security by design. O que há em comum entre essas duas ameaças é a sua capacidade em aproveitar-se de falhas públicas e conhecidas dos sistemas de Segurança vigentes. Nesse sentido, é de extrema importância seguirmos catalisando a evolução dessa mentalidade tanto internamente como entre nossos aliados internacionais”, complementou Easterly.
Em concordância, o Diretor de Cibersegurança Nacional da Casa Branca, Harry Coker, aponta que a atual administração federal segue comprometida com os riscos cibernéticos a que os Estados Unidos e o mundo estão expostos. Devido a isso, a dedicação de valores bilionários em pesquisa sobre tecnologias emergentes, como IA e Computação Quântica, seguem sendo feitas em favor do desenvolvimento seguro.
“Além disso, fortalecer as instituições de gerenciamento de riscos também é um passo importante que temos dado, pois as ameaças cibernéticas aos nossos sistemas, especialmente à infraestrutura crítica, são severas e não dão qualquer sinal de que diminuirão no futuro. Dessa forma, precisamos que nossas agências setoriais mantenham-se focadas monitorar e fortalecer os níveis de Segurança desses bens públicos”, disse ele.
Solidariedade Digital
Já em seu keynote, o Secretário de Estado do governo norte-americano, Antony Blinken, reforçou o compromisso com a soberania digital dos países. Ele chamou de “solidariedade digital” a disposição do país em cooperar com as nações aliadas para construir padrões de Segurança e desenvolvimento tecnológico que gerem benefícios para a humanidade.
Esses dois fundamentos direcionaram a criação da nova Estratégia Internacional para o Ciberespaço, anunciada por Blinken durante a abertura da RSAC. A ideia é que essa seja uma cartilha orientadora para os Estados Unidos no que tange à Cibersegurança na geopolítica global, alinhando com parceiros as melhores normas e planejamentos de Cibersegurança a serem impulsionados ao redor do mundo.
Além disso, a ordem executiva também compromete o país na criação de guard rails para controlar os maus usos das tecnologias. Isso envolve a formação de coalizões para combater ferramentas intrusivas em ações de spywares, além de alinhar o combate às famílias de ransomware e outros agentes nocivos ao ciberespaço.
“O governo dos Estados Unidos acredita que as novas tecnologias devem guiar o mundo para uma realidade de maior segurança e prosperidade, garantido diretos humanos e enfrentado desafios globais do futuro. Assim, pretendemos usar a diplomacia para espalhar esses consensos para todos, para institucionalizar esta visão de tecnologia pelo bem”, encerrou Blinken.