Como a LGPD pode impulsionar a inteligência das empresas brasileiras

Rodrigo Boschetti, Sales Engineer da Stibo Systems, avalia que a adoção de leis específicas oferecerá regras mais claras aos gestores.

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O que é necessário para uma empresa ter sucesso em sua jornada de transformação digital centrada em dados? Se você disse adotar as megatendências de TI, como a Computação em Nuvem, Internet das Coisas e Big Data, saiba que isso não é o suficiente. Cada vez mais, as organizações precisam focar suas estratégias em uma avaliação que inclua pessoas, processos e, então, tecnologia. Somente assim será possível construir operações inteligentes e seguras, realmente preparadas para os novos desafios da Era das Informações.

A explicação para isso está no simples fato de que adotar uma nova tecnologia não basta para transformar uma companhia – e tampouco para fazê-la entender e alcançar as vantagens das ferramentas digitais. Estudos indicam que aproximadamente 60% dos vazamentos de dados sigilosos (do negócio ou dos clientes) começam de maneira interna, com erros cometidos pelos próprios colaboradores das empresas. Por isso mesmo, antes de se preocupar somente com as plataformas e soluções de análise de dados, as companhias deveriam avaliar detalhadamente os processos internos e orientar as pessoas que estão envolvidas em cada etapa do negócio.

É justamente por isso que as novas regulamentações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), podem se tornar uma grande oportunidade para as empresas brasileiras. Embora pesquisas globais apontem que 70% dos diretores de TI consideram o processo de implementação de novas regulamentações como um possível fator de risco para suas operações, a verdade é que a adoção de leis específicas oferecerá regras mais claras aos gestores – o que mostrará o que será preciso fazer ou mudar para utilizar o máximo potencial das informações dentro das rotinas de cada unidade ou departamento.

Sendo assim, mais do que regular o cenário, a nova lei pode representar o início de uma nova fase para as organizações, levando os executivos e gerentes a entenderem quais são as mudanças e cuidados necessários para que suas empresas alcancem o real potencial dos dados (e da tecnologia) como fonte para a geração de negócios. Isso porque manter uma operação em conformidade com a regra não será apenas uma “questão do jurídico”, ou de um ou outro departamento. A nova regulamentação exigirá um avanço conjunto e integrado, com pessoas bem orientadas, processos adequados e tecnologias que, enfim, permitam que as companhias atendam melhor seus consumidores.

A melhor maneira de fazer essa transformação é avaliar como as companhias podem aproveitar esses padrões obrigatórios para tornar a gestão de dados mais simples e inteligente? Este será, sem dúvidas, um dos principais desafios e focos impostos pela legislação. O objetivo, desde já, deve ser encontrar modos para deixar os processos de coleta, armazenamento e utilização dos ativos digitais mais inteligentes e confiáveis.

Questionar quais são os dados sensíveis coletados e evitar duplicidades e inconsistência será, deste modo, vital para as companhias a partir de agora. Por exemplo: imagine que sua empresa tem um site que exige que o cliente informe o CPF, gênero e religião antes de iniciar o atendimento. Sabendo que todos os dados devem ser protegidos e que sua empresa precisa garantir a total privacidade, será que valerá a pena manter todos estes dados sensíveis em sua ficha? A resposta é certamente não.

Em tempos de máxima preocupação com a experiência dos clientes, ter um dado desnecessário é correr mais riscos de colocar a identidade e a privacidade desse consumidor em risco. Ainda mais quando nos lembramos de que a pena para algum tipo de violação será a aplicação de multas, exclusão da base de dados, sanções comerciais e, principalmente, danos à imagem das marcas.

O exemplo citado acima é interessante, também, pois une os três principais pontos relacionados à geração e utilização de informações digitais, que mencionamos no começo deste texto. Ele resume porque a LGPD e sua regulações poderão ajudar as companhias a serem mais hábeis no mundo digital. Se é impossível deixar uma operação longe do mundo on-line, o jeito agora será pensar bem as estratégias e ações para mitigar os riscos e maximizar os resultados.

É evidente que nesse cenário as empresas precisam avaliar as informações necessárias, ajustar seus processos e, com esta avaliação, definir as ferramentas tecnológicas certas para satisfazer suas demandas internas e os desejos de seus clientes. Em uma pesquisa recente, mais de 60% dos executivos de TI (CIOs) admitiram ainda estarem em dúvidas sobre os processos.

Desta forma, como resultado, poderemos acelerar os investimentos em tecnologia adequada para o uso de informações dentro das empresas, definindo os processos que ajudarão a correção. Estamos caminhando de forma única e sem precedentes na história das empresas. Nunca foi possível avaliar e predizer o comportamento dos clientes a partir de informações fornecidas diretamente pelo comprador como hoje em dia – todavia, essa aparente facilidade pode trazer consequências, exigindo mais comprometimento, atenção e eficiência das companhias.

O avanço da tecnologia e o surgimento da nova lei podem ser a combinação que faltava para estimular a inovação dentro das empresas que buscam diferenciação no mercado. Estamos caminhando para novos modelos de trabalho e é hora de entender qual será o caminho e a regra a ser seguida para a nova jornada digital.

 

Por Rodrigo Boschetti, Sales Engineer da Stibo Systems

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