Como a cibersegurança conversa com a responsabilidade social das empresas

O investimento na segurança dos dados faz jus ao compromisso social de empresas alinhadas com princípios de integridade, respeito e privacidade

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Por Luiz Penha

 

O conceito de cibersegurança pode ser visualizado sob diversos espectros e contextos, tendo como premissa a proteção de informações armazenadas e movimentadas. Dentro do cenário corporativo, em que cada vez mais organizações se deparam com a urgência do tema, existe uma vertente que deve ser colocada em pauta, por razões que vão além da realidade operacional estabelecida no âmbito interno.

 

Em um mundo no qual a comunicação não enfrenta barreiras e a velocidade das interações se dá numa fração de segundos, praticamente todos os consumidores estão à parte dos posicionamentos assumidos pelas empresas, bem como seus compromissos com assuntos de relevância social.

 

A segurança dos dados está inserida nessa linha de raciocínio. Não é pequeno o número de casos de ataques cibernéticos com alta notoriedade na mídia, devido ao interesse das pessoas em saber se seus serviços ou produtos contratados têm as ferramentas necessárias para resguardar as informações fornecidas. Em tempos de transformação digital, se por um lado, novas soluções surgem a todo instante, a tendência é de que os cibercriminosos acompanhem essa escalabilidade, exigindo uma resposta incisiva por parte das empresas.

 

Mudança de mindset como objetivo inadiável

 

No fim de 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor no Brasil. Desde então, a demanda por adequação à legislação cresceu de forma exponencial, pelos mais diversos setores do meio corporativo brasileiro. Afinal, qualquer tipo de gestão que lide com o depósito e manuseio de dados sensíveis a rigor da lei deverá introduzir uma série de medidas previstas no texto publicado – caso violações aconteçam, a organização poderá arcar com punições severas, também indicadas no conteúdo legal.

 

A LGPD personifica uma mudança geral de mentalidade quanto à cibersegurança. Dito isso, partindo do pressuposto de que a obrigatoriedade já foi institucionalizada pelas autoridades responsáveis, seria impensável para os gestores não direcionar esforços à estruturação de um fluxo de dados seguro. Fato é que, apesar da iniciativa jurídica, ainda é preciso elucidar a importância do tópico no campo cultural das companhias, a fim de normalizar um investimento que, definitivamente, não é secundário ou postergável.

 

Ainda permanecendo no universo jurídico, o direito à privacidade e segurança do usuário apenas fortalece o cunho social que medidas preventivas simbolizam. Uma organização amadurecida em termos digitais, que tenha consciência e os artifícios necessários para lidar com informações seguindo preceitos de consentimento, transparência e integridade, terá condições de avançar com pautas transformadoras, obtenho ganhos alinhados com o potencial por trás da inovação.

 

É preciso ir além das aparências

 

De certo, é fundamental demonstrar ao consumidor que seus dados estarão seguros. Não há nada de errado em deixar claro para o público que a companhia está se movendo nesse sentido. No setor financeiro, para se ter uma dimensão, isso tem se mostrado uma prática comercial recorrente, sob a figura de grandes instituições financeiras.

 

Entretanto, o compromisso primário que deve nortear as lideranças corporativas é a construção de uma área de TI realmente funcional, por meio de plataformas robustas e que somem conhecimento técnico e respaldo tecnológico em prol de um novo estágio de proteção dos dados.

 

Sem dúvidas, com o crescimento de ações voltadas para a cibersegurança, a expectativa é de que esse exemplo de responsabilidade social deixe o campo das exceções e se consolide entre as empresas, contribuindo para um quadro corporativo capaz de se prevenir e enfrentar atividades ilícitas.

 

*Luiz Penha é Founder e Head de Operações da Nextcode

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