Cibersegurança: Brasil pode gerar mais profissionais especializados para diminuir gap?

Estudo aponta que o Brasil registrou mais de 80 mil golpes cibernéticos nos primeiros nove meses de 2023, onde uma das grandes dificuldades a se enfrentar é a falta de mão de obra qualificada

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O Brasil registrou mais de 80 mil golpes cibernéticos nos primeiros nove meses de 2023, de acordo com um estudo realizado pela AllowMe, iCarros Itaú, OLX, Unico, Who e Zoop e, segundo especialistas, um dos fatores que agrava este cenário é a falta de profissionais qualificados para combater essas ameaças. Dados divulgados pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), a demanda anual atual por profissionais de TI é de 70 mil, com uma projeção de aumento para 420 mil nos próximos três anos.

 

Andreia Leles, Coordenadora Geral do curso de pós-graduação em Cibersegurança do Centro Universitário Facens, há dois fatores principais para a escassez de profissionais na área de Cibersegurança: “O primeiro é o processo de transformação digital ocorrido nos processos das empresas e nas atividades do dia a dia das pessoas. Hoje dependemos de sistemas computacionais e tecnologias, e consequentemente, em um ambiente tecnológico e baseado em internet, há a necessidade de se garantir a segurança dos dados armazenados e processados em sites, sistemas e aplicativos. O segundo fator é que segurança cibernética é uma área de conhecimento que exige conhecimento multidisciplinar e intenso em computação, nem sempre é fácil desenvolver competências”.

 

A especialista explica ainda que é preciso investir na formação desses profissionais, oferecendo uma grade curricular abrangente na pós-graduação que inclui conteúdos como segurança em redes, sistemas operacionais, desenvolvimento seguro para hardware e software, criptografia, engenharia reversa, inteligência artificial aplicada, dentre outros. “Para que o aluno suporte esta grade, há nivelamento e desafios no formato de bootcamp, hackathon e open innovation, para aproximação dos desafios reais da área e em total consonância com os desafios da empresa parceira”, destaca.

 

A relação entre o excesso de golpes e a falta de profissionais qualificados é direta, segundo Luciano Freire, Coordenador Acadêmico do Curso em Segurança Cibernética no Centro Universitário Facens. O especialista ressalta não se tratar apenas de falhas técnicas nos sistemas. “Os golpes ou incidentes de segurança não se originam apenas de falhas técnicas, como um bug de software. O treinamento em conscientização dos usuários, colaboradores e responsáveis pelos sistemas têm um papel importante na segurança. Os ataques mais comuns às empresas e pessoas, por exemplo, são de fraudes eletrônicas para roubar dados de cartão de crédito (phishing) e crimes de invasão de sistemas para o roubo de arquivos pessoais da própria vítima, cobrando assim um resgate para restabelecer o acesso a estes arquivos (ransomware)”.
Dados da consultoria IDC mostram que o Brasil terá um déficit de 140 mil profissionais de cibersegurança até 2025, mais um número que reforça a importância de desenvolver os profissionais da área. “O cenário atual é desafiador, golpes e ataques cibernéticos intensos e, ao mesmo tempo, faltam especialistas. Existe uma demanda crescente não atendida devido à dificuldade de formar tais profissionais”, comenta Luciano.
A pós-graduação em cibersegurança da Facens, desenvolvida numa parceria do Instituto de Pesquisa Facens (IP Facens) com a Lenovo, tem mostrado resultados promissores. Andreia Leles conta que além do conhecimento técnico, competências socioemocionais também são fundamentais.

 

“Nesta área é preciso resiliência, inteligência emocional, trabalho em equipe e ética para solucionar os problemas complexos decorrentes da área”, conclui.

 

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