De acordo com o estudo “Follow the Products – Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os crimes cibernéticos movimentaram aproximadamente R$ 186 bilhões no Brasil entre julho de 2023 e julho de 2024. O levantamento divulgado nesta semana indica que essa cifra supera a receita estimada de outras atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, que gerou cerca de R$ 15 bilhões no mesmo período.
O estudo aponta que a digitalização dos crimes patrimoniais tem impulsionado esse crescimento. O furto de celulares, por exemplo, está diretamente ligado à aplicação de golpes bancários e fraudes financeiras, como transações indevidas via PIX e boletos falsificados. Segundo os dados do FBSP, o prejuízo médio por vítima dessas fraudes gira em torno de R$ 1.702 no caso de cartões de crédito e R$ 1.470 para transações bancárias digitais.
O relatório destaca ainda que o cibercrime tem se consolidado como uma das principais fontes de financiamento do crime organizado, operando de forma estruturada e utilizando tecnologias para aplicar golpes em larga escala. A pesquisa ressalta que a alta incidência de furtos de celulares alimenta esse mercado, criando uma cadeia que envolve desde pequenos assaltantes até grupos especializados em fraudes financeiras e lavagem de dinheiro.
Além do avanço dos crimes virtuais, o estudo do FBSP também apresenta dados sobre outras atividades ilícitas. O setor de combustíveis, por exemplo, lidera em termos de mercado ilegal, com fraudes fiscais que resultam em perdas tributárias estimadas em R$ 23 bilhões anuais. Já o mercado clandestino de tabaco representa 40% do consumo nacional, gerando um impacto fiscal acumulado de R$ 94,4 bilhões nos últimos 11 anos.
O levantamento reforça a importância de medidas integradas para o combate ao crime organizado, tanto no meio digital quanto no mercado ilegal de produtos. O aprimoramento da inteligência financeira, o rastreamento de transações suspeitas e o fortalecimento da fiscalização de setores estratégicos são apontados como caminhos para mitigar o impacto econômico dessas atividades ilícitas.