O Brasil ocupa a 70º colocação no índice de segurança cibernética da União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) que coordena esforços nesta área. Essa situação de fragilidade faz com que o país seja hoje o segundo no mundo que mais tem sofrido perdas econômicas advindas de ataques cibernéticos.
Os dados foram trazidos à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) pelo coronel Arthur Sabbat, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. A CRE realizou nesta quinta-feira (5) a primeira audiência sobre o tema, que serão seguidas por outras audiências, diligências e visitas técnicas. A segurança cibernética é a política pública monitorada pela CRE em 2019, num trabalho que tem o senador Esperidião Amin (PP-SC) como relator. Ao final do ano, Amin fará um relatório contendo propostas legislativas visando incrementar a infraestrutura brasileira do setor.
“Especialistas avaliam que o mercado de segurança cibernética alcançará US$ 151 bilhões em 2020, no mundo todo. Um indicativo claro da prioridade que já vem sendo dada mundialmente a esta questão. E aqui no Brasil a segurança dessa área não se encontra no nível desejado. No ano passado, 70 milhões de brasileiros foram vítimas de ilícitos cibernéticos. É nesse montante que as perdas chegam a US$ 20 bilhões”, detalhou Sabbat.
O gargalo apresentado pelo Brasil torna-se ainda mais grave, frisa o coronel do GSI, pelo fato de 100% dos órgãos federais e estaduais utilizarem a Internet. A rede mundial também está presente em 80% das casas do país, chegando a 116 milhões de usuários. O índice de utilização da internet entre as empresas também é quase pleno: 98%.
Orçamento maior
Provocado por Esperidião Amin, o comandante de Defesa Cibernética do Exército, general Guido Amin, revelou que haverá um incremento orçamentário para seu setor, já indicado no Plano Plurianual 2020-2023. Para o ano que vem, os repasses previstos são de R$ 60 milhões, mas a partir de 2021 o montante deverá passar a R$ 150 milhões anualmente.
“Lá no Comando [do Exército] eu proíbo o pessoal de pronunciar a expressão “série histórica”. Porque viemos de uma série histórica de orçamentos realmente bastante acanhada. Por culpa também de uma demanda não muito bem estruturada. Mas esse gap está suprido pela atualização do planejamento estratégico, permitindo o avanço orçamentário. A cibernética não é tão cara quando comparada a outras necessidades do Exército, e os valores propostos nos permitirão investimentos eficientes. Esperamos que nossa proposta sobreviva nas leis orçamentárias até 2023″, deixou claro o general.
Também participou da audiência o coronel Éric Cólen, representando o Comando da Aeronáutica. Segundo ele, a cibernética será cada vez mais utilizada nos conflitos internacionais, com potencial de provocar enormes danos.
“A cibernética será mundialmente, efetivamente, uma arma de guerra. Tanto para proteger quanto para outras atividades. Estamos modelando o Centro de Defesa Cibernética, que já nascerá com essa perspectiva em mente. Vamos tirar esta área na Força Aérea da Tecnologia de Informação e migrar para um comando operacional, onde temos a prontidão para a pronta-resposta, para o que precisarmos no emprego da cibernética”. explicou Cólen.
Por Agência Senado