O Banco Bradesco é um dos principais cases de sucesso da plataforma de computação cognitiva Watson, da IBM, e há anos vem colhendo diversos frutos do uso inteligente da tecnologia. Um dos projetos diz respeito ao mapeamento de ameaças globais, que precisava de uma ação ágil e automatizada para entender as vulnerabilidades em todo mundo e o impacto nas organizações.
O projeto foi liderado por Waldemar Ruggiero Júnior, Diretor Departamental do Bradesco, pelo time de Infraestrutura do banco, muita dedicação da equipe de cyber inteligência e da própria IBM, que aceitou o desafio de tentar fazer o Watson trabalhar conforme a demanda do Bradesco em um modelo inovador.
O case de sucesso foi vencedor na categoria Bronze durante a premiação do Security Leaders em 2019 e a Security Report conversou com o Waldemar Ruggiero Júnior para entender todo o processo e desenvolvimento por trás dessa iniciativa.
Security Report: O case de sucesso do Banco Bradesco ficou entre os dez finalistas para ganhar o prêmio durante o Security Leaders 2019. O que motivou esse projeto? Quais eram as demandas internas que dependiam desse atendimento?
Waldemar Ruggiero Júnior: O projeto nasceu com a necessidade de resolver o problema de velocidade na identificação das diversas ameaças que ocorrem no âmbito mundial, sendo através de boletins, sites técnicos, de notícias, entre outros.
Esse trabalho era executado de forma manual e consumia a equipe de cyber inteligência. O resultado era cruzado de forma manual em nossa base de ativos para identificar potenciais ambientes que poderiam sofrer a ameaça e era realizada interação com o time do SOC para criar gatilhos de prevenção no ambiente de forma processual.
Security Report: Ou seja, precisava automatizar todo esse processo. Que tipo de metodologia era necessária para avaliar os riscos associados às ameaças cibernéticas?
Waldemar Ruggiero Júnior: O time de Cyber Inteligência já executava e avaliava há mais de 2 anos esse processo de entender a ameaça baseada em sua criticidade na publicação de CVE (Common Vulnerabilities and Exposures) – padrão mundial de classificação de vulnerabilidades e exploração. Com isso, poderia identificar os ambientes que possuíam um potencial risco para essa ameaça.
Security Report: E quais foram os principais desafios encarados nesse projeto?
Waldemar Ruggiero Júnior: Trabalhar no Watson com a IBM em uma característica que a tecnologia cognitiva não estava totalmente pronta para atender devido à complexidade de aplicar esse recurso em cyber. Além da curadoria desta mesma tecnologia. Entretanto, esses foram pontos cruciais para torná-la acurada nas identificações, além do trabalho do time interno com a adaptação.
Security Report: Com esse trabalho em equipe, o projeto trouxe diversos benefícios, certo?
Waldemar Ruggiero Júnior: Nesta primeira fase do projeto, os benefícios foram identificar de forma automatizada e muito mais ágil o que ocorre de vulnerabilidades no mundo, trazer ao painel de monitoração quais são essa vulnerabilidades, classificadas com base nos seus respectivos CVE. Ou seja, trazer a agilidade na tomada de decisão para acionamento dos times técnicos.
Security Report: As lições aprendidas são inspiradoras para os demais times do Bradesco?
Waldemar Ruggiero Júnior: Durante o processo foram realizadas diversas reuniões com os times envolvidos e compartilhada a ideia, que mesmo não sabendo se seria totalmente viável, todos aceitaram o desafio – o time acreditou, entendendo que ideias disruptivas nascem de persistência, empenho e ousadia. Esse case é um exemplo que utilizamos como motivador para outras ideias inovadoras que os times podem trazer em suas atividades.
Security Report: Quais são os próximos passos?
Waldemar Ruggiero Júnior: Neste momento, temos o desafio de construir, de forma automatizada, um painel de risco por ambiente de negócio, cruzando ameaças globais x ativos internos e separados por canal de negócio. Assim, conseguirmos ter uma Big Picture de potencial risco e também buscando trabalhar com os resultados obtidos deste mapeamento de ameaças, uma forma de compartilhar o resultado através da plataforma compartilhamento de ameaças estabelecida pela Febraban, contribuindo com o setor com parcerias para atuação preventiva e pró ativa.