Blockchain pode tornar as eleições mais seguras?

Segundo pesquisadores ouvidos pela Security Report, sim, pois dentre os principais atributos por trás dessa tecnologia está o princípio de integridade da informação, onde os dados estariam ligados sequencialmente, não sendo possível alterá-los sem comprometer os próximos votos na cadeia de blocos subsequentes

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Desde as suspeitas de uma possível interferência russa no processo eleitoral americano, a segurança do processo democrático tem sido constantemente motivo de desconfiança por parte dos eleitores, especialmente em território nacional.  É claro que as urnas possuem um determinado nível de proteção, porém, como toda tecnologia foi demonstrado que ela não é 100% segura. Por exemplo, Diego Aranha, professor da Unicamp, já coordenou uma equipe capaz de alterar as mensagens exibidas para o eleitor na tela das urnas. Diante de tantas indagações e suspeitas, será que a blockchain poderia trazer mais segurança às urnas eletrônicas? Se sim, como?

 

Segundo pesquisadores, sim, a blockchain é capaz de tornar o processo eleitoral mais seguro. Dentre os principais atributos por trás dessa tecnologia estão o princípio da integridade da informação, onde os dados estariam ligados sequencialmente, de forma que não seria possível haver uma alteração na sequência sem comprometer todos os votos sequenciais. Outro atributo é de que os dados uma vez inseridos em uma blockchain não podem ser removidos.

 

“Embora ainda não existam casos práticos, há uma vasta gama de pesquisas na área do uso de blockchain para o suporte a linha de pesquisa de e-voting, de forma a dar visibilidade e melhorar a auditabilidade dos resultados das pesquisas”, explica Avelino Zorzo, coordenador de Programas Profissionais de Mestrado e Doutorado na área de Computação na CAPES/MEC e professor da PUCRS.

 

Segundo ele, existem diversas iniciativas no mundo aplicando tal tecnologia para os sistemas de votação eletrônica. Entre as que se destacam está uma ação para ser usada blockchain em conjunto com uma aplicação mobile para que militares que estiverem fora do estado de West Virginia, Estados Unidos, possam votar.

 

Na opinião de André Leon S. Gradvohl, membro sênior do IEEE e professor da Faculdade de Tecnologia da Unicamp, duas propriedades para uma eleição eletrônica segura e confiável não são atendidas pelo atual sistema. São elas a verificabilidade individual, ou seja, a possibilidade de o eleitor verificar que seu voto foi contabilizado, e a verificabilidade universal, que é a confirmação que o resultado da eleição considerou todos os votos.

 

“A ideia em Prova de Conhecimento Zero é que alguém consiga provar algo sem revelar qualquer informação a respeito de um determinado conhecimento. Este conceito poderia ser utilizado em uma urna eletrônica ou no sistema de votação eletrônica para deixar todos os votos públicos e um eleitor poderia, sem revelar o seu voto, garantir que o voto dele foi realizado e está sendo contabilizado”, complementa Zorzo.

 

Na visão de Gradvohl, depois de adaptada e testada, a blockchain pode ser útil para garantir todas as propriedades de segurança necessárias. O especialista alerta ainda ao fato de que há poucas equipes com acesso aos detalhes do software e da urna em si, limitando a quantidade de pessoas que podem pesquisar o código-fonte. “Deveria haver um fórum permanente para avaliar o sistema de forma contínua e mais ampla a fim de encontrar falhas”, explica.

 

“Um aspecto que poderia ajudar a dar mais transparência e melhorar a segurança da urna eletrônica e todo o processo seria liberar todas as informações a respeito do hardware, software e processos para que pesquisadores conseguissem apoiar na melhoria da segurança do sistema de votação brasileiro. Enquanto estas informações não forem deixadas abertas a todos, sempre haverá desconfiança”, finaliza Zorzo.

 

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