Biometria facial: tendência pode reduzir a fraude no Brasil?

Projeções da Mondor Intelligence estimam que o mercado de biometria facial vai evoluir com uma taxa de crescimento anual de 21,9% nos próximos 5 anos. Na visão de especialista, o Brasil tem condições de apostar nessa tecnologia emergente para reduzir fraudes e trazer benefícios aos consumidores e às empresas

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Em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente, a segurança das informações pessoais e bancárias tornou-se uma necessidade prioritária. Os setores de Varejo e Finanças, por exemplo, são os mais impactados com golpes no ambiente online, tanto que, em 2023, o Brasil sofreu com quase 10 milhões de tentativas de fraudes registradas, segundo a Serasa Experian.

 

Diante desse desafio, a biometria facial surge como uma defesa contra as atividades fraudulentas no comércio eletrônico e no varejo físico. As projeções da Mondor Intelligence estimam que o mercado de biometria facial vai evoluir a uma CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta, em inglês) de 21,9% nos próximos 5 anos.

 

De acordo com Gabriel Pirajá, Head de Produto da Unico, a tecnologia não apenas protege os consumidores, mas também os vendedores, criando uma barreira capaz de mapear características únicas do rosto, reduzindo as vulnerabilidades presentes em métodos tradicionais.

 

“As ações de fraudadores estão cada vez mais sofisticadas e podem burlar diversos tipos de sistemas que deveriam proteger informações habitualmente fornecidas pelos consumidores, como dados pessoais, bancários, entre outros. Na verdade, a fraude pode acontecer nas duas pontas: com quem compra e quem vende”, diz o executivo em entrevista à Security Report.

 

Segundo Pirajá, a biometria facial para autenticação de identidade é, hoje, uma das formas mais seguras contra fraudes no comércio eletrônico e no varejo físico. “O Brasil tem o potencial de construir um sistema de identidade digital robusto, seguro e inclusivo, impulsionando a digitalização e oferecendo benefícios significativos para seus cidadãos”, acrescenta.

 

Contexto brasileiro

 

Um estudo recente da FGV, solicitado pela Unico, revelou que o Brasil perderia pelo menos R$4,5 milhões por dia no PIB sem a presença das soluções de autenticação digital utilizando biometria facial. Em 2020, foram autenticadas 64 milhões de transações por biometria facial, número que aumentou para 226 milhões em 2022. Entre 2018 e julho de 2023, mais de 850 milhões de transações foram autenticadas dessa maneira, abrangendo desde a abertura de contas até a contratação de profissionais.

 

Outro estudo da FGV demonstrou que a identificação tradicional, que demanda presença física para comprovação de identidade, custa ao Brasil R$104 bilhões ao ano. As fraudes associadas a esse método acarretam custos adicionais que variam de R$37,3 bilhões a R$72,2 bilhões anualmente.

 

“Esses números ressaltam a importância de acelerar a transição para métodos de identidade digital mais eficientes, visando não apenas a economia de recursos, mas também a redução substancial de perdas associadas a fraudes”, completa o executivo.

 

Já a ANPD está atenta a esse tópico a fim de manter o controle e fiscalização das tecnologias emergentes de reconhecimento facial. Na visão de CISOs da Comunidade Security Leaders, a Autoridade deve entrar no processo, pois, na visão dos Líderes, ainda existem grandes riscos relacionados a esses tópicos e é o momento de as instituições públicas se adiantarem a fim de manter uma boa fiscalização sobre o uso de biometria.

 

“Sendo bem prático, senhas vazadas podem ser trocadas, já dados biométricos não podem ser mudados pelo titular. O vazamento dessas informações é um dos piores cenários de invasão de privacidade que podem ocorrer, afetando a vida do usuário pelo resto de sua vida. Portanto, a punição por negligência nesse tipo de caso precisa ser aplicada de forma exemplar”, reforça o Head de Segurança da Informação do Grupo Portobello, Rodrigo Raiher.

 

Resolver o problema nas duas pontas

 

Gabriel Pirajá ressalta também que a fraude causa impactos significativos em todo o ecossistema de compras, envolvendo não só os varejistas, mas também as instituições financeiras e meios de pagamentos.  Anualmente, problemas de comprovação da titularidade do cartão e da identidade comprometem R$ 120 bilhões em possíveis vendas, de acordo com a Associação Brasileira de Cartões.

 

Para evitar esse problema, a companhia lançou o Unico IDPay, uma solução de autenticação que valida a identidade com biometria facial e a titularidade do dono do cartão de crédito junto ao banco emissor no momento da compra. Em 2023, a empresa reuniu um time de executivos para ir até a China entender como a grande potência econômica lida com os processos de fraudes e como a biometria facial tem potencial de proteger não só a identidade de seus clientes, mas garantir a segurança e confiabilidade das operações.

 

“Para este ano, podemos esperar maior democratização da biometria facial em novos mercados, como hotelaria, aviação e telecomunicações. Dessa forma, esses setores poderão oferecer uma experiência melhor e mais rápida no momento de identificar o cliente e terão a segurança de que estão atendendo o verdadeiro titular daquele CPF. Aqui, a redução da fricção dos clientes também é importante”, finaliza Gabriel Pirajá.

 

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