De acordo com dados apresentados pelo Gartner durante o CIO & IT Executive Conference 2024, em São Paulo, 29% das lideranças de tecnologia no mundo enfrentaram incidentes de Segurança ou problemas de privacidade com a Inteligência Artificial, e 62% também detectaram comprometimento de dados internos.
Para o Manager Vice-president do Gartner, Álvaro Mello, as estatísticas demonstram como os usos nocivos da IA já impactam diretamente as atividades da corporação. Nesse contexto, será necessário que o mercado reajuste suas estratégias de Segurança como parte do esforço de aplicação correta dessas linguagens.
“Confiança é uma demanda de primeira hora para a Inteligência Artificial, pois a tecnologia se tornou poderosa, mas segue muito imatura. O desafio é garantir Segurança sobre as ações da IA por meio de controles que unifiquem as capacidades da máquina com o raciocínio crítico do ser humano”, disse o Mello, durante o keynote de abertura do evento.
Essa percepção também influenciou diretamente as novas tendências do Gartner no que tange à Cibersegurança. Conforme explica o Senior Director Analyst da consultoria, Oscar Isaka, a IA deve gerar impactos nas funções dos CISOs dentro das empresas, tornando-o um profissional cada vez mais próximo do negócio e dos processos inovadores.
Isaka conta que, entre os tópicos principais dos próximos anos, a Inteligência Artificial Generativa ampliará os ataques direcionados contra as falhas humanas, a partir de deepfakes e spear phishings, mas também dará o suporte necessário para fechar o skill gap em Cyber e poderá auxiliar profissionais de outros departamentos a estabelecerem melhores padrões de SI.
“A Segurança Cibernética sempre considera os conceitos de volatilidade, complexidade, ambiguidade e incerteza para as inovações no meio corporativo, porque não existe transformação sem uma boa dose de risco. A única forma de os Líderes garantirem níveis elevados de Segurança é se tornando parte dessas relações, como apoiadores do business”, Acrescenta Isaka.
IA Acelerada X IA Estável
Durante as apresentações, os profissionais do Gartner também alertaram que a produtividade gerada pela Inteligência Artificial não será constante entre as organizações, uma vez que a capacidade de cada empresa de incluir a tecnologia varia a partir do tamanho e da vertical de negócios.
Por isso, haverá uma diferença importante entre empresas que adotem a tecnologia de forma acelerada, e aquelas que a adotam com mais estabilidade. Essa aplicação deve estar alinhada com a capacidade de melhorar a operação da companhia e o bem-estar dos funcionários, e não necessariamente significará que se está à frente ou atrás na corrida pela inovação.
Nesse sentido Cibersegurança também precisará seguir essa demanda, de modo a entender como abordar uma proteção eficiente a essa tecnologia. Isso envolve conhecer a estratégia do negócio com IA e buscar fazer parte dela, assessorando as decisões em favor da aplicação segura ou mesmo aplicando padrões de Security by Design em processos de construção de linguagens novas.
“Tanto as inovações quanto as questões regulatórias fizeram as empresas entenderem a necessidade de mudar a posição do CISO na hierarquia, dando a ele mais autonomia e tornando-o menos dependente das ações do CIO. Veremos mais, no futuro, a proximidade da área com os riscos e a continuidade de negócio, e por isso, cabe aos líderes de Cyber estarem em linha com essas tendências”, concluiu Isaka.