A União Internacional de Telecomunicações (UIT) anunciou a aprovação do novo projeto de Segurança Cibernética para as TIC pelo Conselho deliberativo. Com esse novo posicionamento, a expectativa é que a vertical comece a atuar com novas práticas de Segurança Cibernética, focadas nas demandas internas do setor.
O Consultor de Cibersegurança, Ricardo Salvatore, tem vasta experiência no segmento de telecomunicações e lembra que a cartilha de atuação em cyber é frequentemente guiada por publicações de órgãos como o NIST, ligados a governos nacionais. Com base nessas agendas, as empresas e governos ajustam seus próprios métodos segundo questões regionais e setoriais.
“Hoje, essas companhias formam a base da comunicação digital e toda a infraestrutura crítica depende das Telcos para trocar informações pelos diversos canais existentes. Além disso, o setor interage com uma base de dados enorme e em constante crescimento, se tornando um prato cheio aos hackers. Por ser um setor em constante evolução tecnológica, novas vulnerabilidades são detectadas todos os dias”, destaca Salvatore em entrevista à Security Report.
Agora, continua o executivo, a criação de métricas de Cibersegurança das Telecomunicações por uma instituição agnóstica como a UIT é um avanço importante para o ramo, indo além de apenas adaptar as ideias oferecidas por órgãos de poucos países. Para Salvatore, os meios de resposta ao cibercrime precisam alcançar o nível internacional, de forma a acompanhar a movimentação de hackers para além das fronteiras geográficas.
“Isso pode facilitar as discussões sobre melhores práticas e apoiar países menos desenvolvidos e tecnológicos nessa causa. Se hoje, os riscos cibernéticos são transnacionais, é necessário agir sobre os elos mais fracos ao melhorar a cooperação e a resposta a incidentes”, comentou o especialista.
Cooperação e compartilhamento
A posição crítica das empresas de Telecomunicação também foi um dos incentivos da mudança de abordagem da UIT. Estando em uma posição de quadro da ONU, a união de empresas de telecomunicações poderá se colocar como referência na digitalização e conectividade seguras de nações mais vulneráveis.
Ricardo Salvatore defende que uma atuação mais enérgica por parte do órgão pode incentivar a criação de canais de compartilhamento de informações entre as empresas, gerando mais conhecimento sobre o tema. Todavia, ele reconhece a dificuldade em se criar fóruns de diálogo a esse respeito.
“Espaços de cooperação são desafiadores de se criar em qualquer nível social. Nas relações internacionais, os interesses políticos dos países costumam impedir avanços concretos. Mas continua sendo uma demanda fundamental e a UIT pode usar a sua notoriedade como órgão internacional, criando condições de avanço. Precisa ser algo bem planejado para dar certo”, encerra Salvatore.