Há uma semana, a Agência de Transportes Municipais de São Francisco (SFMTA), foi hackeada, o que paralisou o sistema de emissão de bilhetes dos transportes públicos, fazendo com que as passagens fossem liberadas gratuitamente.
Em análise feita pela Trend Micro, existe a possibilidade de que uma versão evoluída do ransomware HDDCryptor, descoberto em agosto deste ano, foi vista “in-the-wild” na semana passada e possa ter gerado o ataque contra a SFMTA.
Neste ataque, assim como constatado pela Trend Micro em outras versões do HDDCryptor, o ransomware usou algumas ferramentas para executar a criptografia total do disco, além da criptografia de compartilhamento de rede mapeado.
É possível que os responsáveis pelas ameaças por trás do ataque não tenham usado exploit kits de maneira automatizada para comprometer e infectar as vítimas de forma instantânea. Ao invés disso, os hackers tentaram primeiramente obter acesso à máquina, muito provavelmente por meio de um ataque mais direcionado ou por um exploit, antes de acionar e executar o ransomware manualmente.
Apesar da Trend Micro não ter obtido informações específicas sobre como isso foi feito em 2 mil máquinas da SFMTA, é muito provável que a execução deste trabalho tenha sido executada em todos os dispositivos que utilizam alguma forma de credencial como administrador.
Quando contatados por nossos pesquisadores, os responsáveis que utilizaram a nova versão do HDDCryptor responderam com uma mensagem semelhante a que foi vista neste artigo online do CSO.
Como o HDDCryptor evoluiu?
Anteriormente, o HDDCryptor executava sua operação por meio de uma conta de usuário conhecida como “mythbusters”. Pouco depois, observou-se que o ransomware mudou o nome do usuário para “ABCD”, provavelmente para evitar que fossem detectados. Na versão mais recente observada, o HDDCryptor não adicionou um usuário. No entanto, o ransomware criou um diretório “C:\Users\WWW” no qual são feitos colocados os arquivos necessários para executar a criptografia tanto do disco rígido local quanto de quaisquer compartilhamentos de arquivos mapeados.
Depois de tentar criptografar compartilhamentos remotos da rede, o ransomware coloca em prática todas as peças necessárias para a criptografia local e o sistema é reiniciado. A partir daí o HDDCryptor começa a executar os itens que ele precisa.
Em nenhum dos casos os pesquisadores conseguiram atribuir os executáveis do HDDCryptor a qualquer campanha de phishing ou outros tipos de ataques usados. Aparentemente, os responsáveis têm acesso prévio aos sistemas e executam o malware manualmente.
Qual o Próximo Passo para o HDDCryptor?
Há especulações de que o ataque contra a SFMTA exfiltrou 30 GB de dados e poderão ser divulgados e vendidos na Deep Web. Embora a Trend Micro não possa confirmar que seja este o caso, já era prevista há algum tempo, a evolução do ransomware.
Normalmente, o resgate é exigido para devolver os arquivos originais para o proprietário e fim da história. Em grande escala, é realmente difícil filtrar todos esses dados criptografados e encontrar informações valiosas que poderiam ser vendidas.
Se, no entanto, a vítima for uma organização como a SFMTA, os atacantes imediatamente podem aumentar o resgate e ameaçar divulgar os arquivos como uma extorsão adicional.
Últimas informações
A Trend Micro suspeita que o grupo atacante seja russo ou pelo menos tenha fortes ligações com o país, dado o uso do serviço de e-mail russo Yandex e do software de criptografia DiskCryptor, que, estranhamente, teve seu site removido do ar nos últimos dias. Notícias recentes atrelam o grupo ao Irã, mas mantém a suspeita de alguma ligação com a Rússia, o que pode significar um grupo multi-regional trabalhando junto.
Até o momento não foi encontrada uma maneira de reverter a ação deste ransomware, que utiliza inclusive um software idôneo para criptografar todo o disco rígido das máquinas infectadas. A análise da Trend Micro mostra que a ameaça já se encontra em sua terceira versão e vem evoluindo com o tempo.