Trabalho remoto e pirataria são os principais gatilhos ligados ao cibercrime no Brasil

Levantamento aponta alta de 23% dos ciberataques no país nos oito primeiros meses de 2021, em comparação com o mesmo período do ano anterior

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Não é novidade de que empresas e pessoas estão há mais de um ano vivendo um novo cenário de conectividade e trabalho remoto. São meses de adaptação ao modelo de home office e acessos partindo de diferentes dispositivos, o que traz um desafio sem precedente para a Segurança. De acordo com o Panorama de Ameaças 2021 da Kaspersky, o Brasil registrou alta de 23% dos ciberataques nos oito primeiros meses de 2021, em comparação com 2020.

 

Na visão dos especialistas que estão à frente do levantamento, os CISOs precisam redesenhar as estratégias de proteção do trabalho remoto, pois é um modelo que veio para ficar dentro dos ambientes corporativos. Além disso, como os funcionários estão em casa, é preciso eliminar a pirataria dos ambientes domésticos.

 

Esse aumento dos ataques cibernéticos destacado no relatório leva em conta os 20 malwares mais populares. Juntos, eles totalizaram 481 milhões de tentativas de infecção. No total, a Kaspersky registrou 2.107 ataques por minuto dos top 20 malwares na América Latina. Neste quesito, o Brasil lidera com 1.395 tentativas de infecção por minuto, seguido por México (299 bloqueios/min), Peru (96 bloqueios/min), Equador (89 bloqueios/min) e Colômbia (87 bloqueios/min).

 

“Quando analisamos os bloqueios realizados por nossas tecnologias, identificamos famílias de malware que nos permitem dizer que os internautas latino-americanos procuram as ameaças, pois são disseminadas por meio da pirataria de programas”, pontua Dmitry Bestuzhev, diretor da Equipe de Pesquisa e Análise da Kaspersky na América Latina, durante o evento online Konferencia@Casa, realizado hoje (31) pela Kaspersky. Segundo ele, o cenário de home office somado à digitalização e pirataria tem sido um prato cheio para as gangues de cibercriminosos.

 

Ameaças aos sistemas industriais

 

O levantamento estudou o ambiente corporativo e constatou que as empresas não souberam realizar a migração para o ambiente de trabalho remoto de forma segura. Bestuzhev explica que o home office exige acessos remotos e que esta tecnologia não está protegida adequadamente, expondo os negócios às ações dos cibercriminosos.

 

Existe também muita pirataria no ambiente corporativo, presente nos sistemas Windows em estações de trabalho e nos sistemas operacionais de indústrias. “Os ambientes industriais muitas vezes não são atualizados e contam com infraestrutura antiga, o que causa conflito com os sistemas modernos. Como consequência, vemos que o ransomware WannaCry ainda circula na indústria, mesmo depois de quatro anos”, alerta o executivo.

 

O Panorama mostra que, em média, são bloqueados 1 tentativa de ataque a sistemas industriais por hora na América Latina e mais de 11 mil ataques contra estações de trabalho Windows por hora. Entre as ameaças mais comuns para o sistema operacional da Microsoft estão golpes financeiros que roubam o dinheiro das companhias, programas de espionagem e ferramentas de administração remota.

 

A pirataria também está presente nos servidores, que muitas vezes armazenam todas as informações da companhia. “Foram bloqueados mais de mil tentativas de ataque por hora contra servidores Windows e vemos a mineração maliciosa de criptomoedas e o WannaCry entre as ameaças mais populares”, acrescenta.

 

Para Dmitry Bestuzhev, as empresas em toda América Latina vivem o processo de transformação digital e é preciso levar a Segurança a sério, usando corretamente as tecnologias de proteção e engajando os colaboradores. “O trabalho remoto e a digitalização vão continuar existindo, precisamos proteger esses ambientes pois os adversários têm ganância para atacar, eles estão preparados, são rápidos e não medem esforços para aproveitar uma oportunidade. É importante que toda a organização colabore com a Segurança”, finaliza.

 

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