A Segurança da Informação como aliada da democracia

De acordo com Giovanni Verhaeghe, diretor de mercado e estratégias de produtos da Vasco Data Security, utilização de ferramentas de autenticação em dois fatores em processos eleitorais, por exemplo, poderiam evitar fraudes e ciberataques

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A França acaba de escolher Emmanuel Macron como seu novo presidente neste período em que a Europa vive um ano de eleições e as preocupações com a segurança em TI no processo democrático estão maiores do que nunca. O voto eletrônico pode contribuir para resolver diversos problemas que os regimes democráticos enfrentam tais como erros, fraudes e manipulações.

 

A Holanda optou por apurar manualmente sua eleição ao Parlamento após especialistas alertarem que a contagem através de software é falha. Os mesmos receios de interferência por parte de hackers russos que pairam sobre as eleições presidenciais norte-americanas no ano passado voltam à cena. Mesmo quando hackers podem falhar em obter uma influência decisiva no resultado, só a constatação de que isso é uma possiblidade já compromete a confiança no processo democrático.

 

A realidade, porém, é que um processo mais simples de votação contribui para combater as fraudes sem limitar a habilidade dos eleitores de definir suas preferências. No caso norte-americano o sistema potencialmente permite irregularidades, incluindo eleitores que podem votar em múltiplos estados e votos de pessoas que já morreram. A reação mais comum é demandar por mais documentos que devem ser apresentados pessoalmente de modo a estabelecer a identidade do eleitor.

 

Todavia, leis severas de registro para votos dificultam o comparecimento em massa às urnas, desestimulando o eleitor, principalmente os menos favorecidos economicamente. No caso da Holanda, o país não só aboliu o voto eletrônico este ano como também a apuração eletrônica. As autoridades locais reclamaram que isso aumentou os custos e levou a resultados menos precisos em função de erros humanos. O fato é que quanto mais ações manuais são requeridas para completar o processo eleitoral, maiores são as oportunidades de fraudes serem cometidas. A realidade é que não apenas a tecnologia para segurança do voto eletrônico existe como ela já está sendo empregada por empresas e governos.

 

Nas eleições democráticas, o processo de encriptação é ainda mais relevante. Como muitos cidadãos podem se sentir desconfortáveis ao votarem online, o primeiro passo para digitalizar o processo se dá na cabine física de votação. Isso implica que os dados relativos aos votos precisam ser mantidos separadamente de quem está fora e que ambos os conjuntos de dados precisam ser encriptados, tanto na urna eletrônica como também em qualquer meio para o qual os dados são transferidos com o propósito de processamento, como contagem automática. O principal risco é que hackers de alguma maneira ganhem acesso aos dados e os alterem em tal escala que acabem influenciando no resultado final. Se os dados são fortemente encriptados e as chaves são mantidas em segurança, então os riscos de manipulação caem a níveis muito baixos.

 

Uma outra preocupação é ter a certeza de que o eleitor é mesmo quem ele diz ser. De fato, ao final, eleitores são idênticos às identidades empregadas em aplicações que necessitam de uma forma segura e confiável de autenticar usuários. Essas aplicações são baseadas em tecnologias bem conhecidas, como a autenticação de dois fatores e a encriptação de dados. Assim, uma identidade não é apenas um assunto digital, mas também exige um componente físico, na forma de um token ou de outro dispositivo que o proprietário da identidade precisa ter consigo.

 

Nesse cenário, o simples roubo de credenciais e de informações pessoais não é suficiente para fraudar uma identidade. Isso faz com que seja muito mais difícil para hackers e fraudadores passarem digitalmente por uma outra pessoa. Em alguns países, isso já está integrado à legislação. A Bélgica, por exemplo, emprega uma Carteira de Identidade Eletrônica com um chip incorporado. Essa identidade eletrônica é utilizada em diversos países para serviços públicos e os governos a tem utilizado como uma forma legal dos cidadãos se identificarem. Normalmente, o sinal verde para esse cenário é dado após uma detalhada revisão de todas as práticas de segurança.

 

Concluindo, podemos afirmar que o principal assunto aqui não é se temos a tecnologia adequada para dar segurança às urnas eletrônicas e ao sistema de apuração dos votos. O principal ponto é que o processo democrático depende da confiança que os cidadãos depositam nele. Esses cidadãos são, com toda a razão, difíceis de serem contentados quando se trata de um direito tão fundamental. Cabe às empresas líderes em tecnologia e aos Governos fazem com que essa confiança seja conquistada. A fraude eleitoral e outras formas nefastas de manipulação de votos existem no mundo de hoje e é importante notar que a tecnologia não tem que tornar as coisas piores. Ao contrário, ao final, ela pode tornar as coisas mais justas e aumentar a participação dos eleitores.

 

* Giovanni Verhaeghe é diretor de mercado e estratégias de produtos da Vasco Data Security

 

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