A escassez de mão de obra qualificada e a retenção de profissionais que atuam nas áreas de TI e Segurança são hoje grandes desafios para as empresas brasileiras, não importa o tamanho ou a área de atuação. Para tornar esse cenário ainda mais complexo, muitos profissionais estão migrando a carreira para uma atuação internacional, sempre atraídos por melhores propostas de trabalho e qualidade de vida.
É o que revela a pesquisa global do Boston Consulting Group (BCG), apontando que 55% dos profissionais de TI se mudariam para o exterior em busca de boas oportunidades. Estados Unidos e Canadá são os países de maior interesse para os profissionais brasileiros que atuam com tecnologia. A D4U USA Group, assessoria legal imigratória, teve um aumento de 152% em pleitos imigratórios em 2021, sendo que 20% dos pedidos realizados foram para profissionais de tecnologia.
Rangel Rodrigues, Senior Information Security Engineer na Fiserv, mora nos Estados Unidos e explica que esse processo de mudança está ocorrendo por conta da oportunidade de consolidar a carreira internacional, especialmente em países que têm grande apelo na inovação tecnológica, como os norte-americanos. Para ele, a qualidade de vida também é um fator importante na decisão.
“Existem muitas oportunidades em tecnologia e cybersegurança, mas percebo que a escassez é uma demanda global. Prova disso é o Miami Dade College que criou um centro de resposta a incidentes e treinamentos para a formação de novos especialistas. Além disso, Austin no Texas, Miami/FortLauderdale e Tampa na Flórida estão aumentando o número de oportunidades para os profissionais especializados em Segurança”, diz.
Na visão do executivo, o brasileiro tem um diferencial por ser resiliente, o que se torna um diferencial entre os skills mais procurados pelas empresas estrangeiras. Além disso, muitas empresas norte-americanas em setores como bancos e tecnologia estão à procura de candidatos bilíngues nos idiomas inglês e português.
Jordan Bonagura, CISO na NEART Investments, também mora nos Estados Unidos e analisa que o mercado norte-americano vive em constante crescimento, principalmente em setores de cybsersegurança e penetration test. “O próprio Joe Biden tem uma grande preocupação com a Segurança da Informação e já fez pronunciamentos enfatizando a importância do tema para a segurança nacional. Eles levam esse tema muito a sério, especialmente agora que o mundo vivenciou ataques cibernéticos envolvendo assuntos de guerra no leste europeu”, comenta executivo.
Antes de aceitar a mudança, assim como Rangel, Jordan também levou em consideração não só a carreira internacional, mas também o bem-estar dos filhos. Para ele, o fato de ser um país mais estável, facilita a tomada de decisão. “Nos mudamos para um lugar com mais oportunidades, com um bom nicho de mercado para crescer. Não foi simplesmente uma questão salarial ou algo do tipo, mas um projeto de vida”, completa.
Bonagura comenta ainda que trabalha tanto no Red Team quanto no Blue Team, mas acrescenta que quem executa o Red Team ainda enfrenta dificuldades em terras brasileiras. “Aqui no exterior já faz parte da rotina de todos, diferente do Brasil que ainda passa por um processo de maturidade”.
Processo de imigração aos EUA
Rangel Rodrigues explica que, normalmente, o executivo poderá ser transferido para o país estrangeiro e fica atrelado a um tipo de visto por um período de 3/4 anos em contrato, com as chances de dar entrada ao Green Card, por exemplo. “Existem dois vistos para profissionais especializados diferenciados: o EB1 e EB2 NIW, que não requer um sponsor. Por hora, muitos profissionais não sabem deste visto, mas é uma oportunidade de imigrar para os EUA legalmente como residente permanente”, explica.
O executivo ainda ressalta que há advogados e consultorias especializadas neste tipo de visto. “No meu caso, consultei 3 escritórios e depois de muitas pesquisas fechei com a Dell’Ome Law Firm, que fez todo processo de imigração com aprovação do pleito em aproximadamente 5 meses”, conclui.