O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que desconhece quem são os responsáveis pela invasão cibernética de organizações do Partido Democrata dos Estados Unidos, mas que as informações reveladas são importantes, informou a agência de notícias Bloomberg nesta sexta-feira.
Em uma entrevista concedida dois dias antes da cúpula do G20 na China, com a participação do presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes mundiais, Putin disse que pode ser impossível determinar quem deflagrou a divulgação de e-mails sigilosos do Partido Democrata, mas que isso não foi feito pelo governo russo.
“Tem alguma importância quem hackeou estes dados?”, indagou Putin. “O importante é o conteúdo que foi dado ao público.”
“Não há necessidade de distrair a atenção pública da essência do problema abordando algumas questões menores ligadas à busca de quem o fez”, acrescentou. “Mas quero dizer a vocês novamente, não sei nada a esse respeito e, em nível estatal, a Rússia jamais fez isso.”
Os e-mails violados, divulgados pelo grupo ativista WikiLeaks em julho, parecem demonstrar um favoritismo do Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês) pela candidata presidencial Hillary Clinton e levaram à renúncia da presidente da entidade.
Uma rede de computadores usada pela campanha de Hillary e o comitê de arrecadação do partido para a Câmara dos Deputados também foram invadidos.
Hillary, à frente do candidato republicano Donald Trump em pesquisas de opinião sobre a campanha da eleição presidencial de novembro, afirmou que serviços de inteligência russos realizaram um ataque cibernético contra seu partido. Algumas autoridades insinuaram que Moscou está tentando influenciar a eleição norte-americana.
Putin rejeitou as alegações. “Jamais interferimos, não estamos interferindo e não pretendemos interferir na política interna”, disse.
“Iremos observar cuidadosamente o que acontece e esperar os resultados da eleição. Então estamos prontos para trabalhar com qualquer governo norte-americano, se eles mesmos o quiserem.”
As relações entre a Rússia e os EUA chegaram a seu pior momento pós-Guerra Fria em 2014 em razão da crise na Ucrânia, e desde então Washington e Moscou vêm se digladiando por causa de suas políticas divergentes na Síria.
Em agosto, Obama disse que iria discutir o ataque cibernético com Putin se a Rússia fosse responsável, mas que isso não alteraria “radicalmente” a relação dos dois países.
* Com informações da Agência Reuters