*Por Rui Borges
Existe uma lista infindável de atividades e metas a serem concluídas, a metade está atrasada, o restante preciso rever, talvez melhorar um pouco em alguns aspectos. No WhatsApp não param de chegar mensagens. Tirando umas 20 de bobeiras, piadas, memes e etc. ainda restam umas 80 que preciso parar e ler e algumas dessas mensagens são os chamados “textões”. Então dou uma olhada no Instagram, para ver “A vida que eu queria”: viagens, praias, famílias perfeitas, festas e pessoas felizes e realizadas. Ih! lembrei que preciso postar um conteúdo no LinkedIn, afinal tenho que estar “vivo” nas redes para ser lembrado.
Na minha caixa postal não param de chegar e-mails. Caramba, preciso entrar em uma sequência de reuniões, talvez não tenha tempo de ir ao banheiro! A água já resolvi: tenho uma garrafa de 1L na mesa, ufa. Só que, ao final do dia, contínua do jeito que começou: cheia.
Segundo o filósofo e escritor Byung-Chul Han, a sociedade do século XIX e XX ficou conhecida como “A Sociedade Disciplinar”, onde as cobranças vêm de fora e, dessa forma, temos que seguir o que foi determinado por alguém.
Já na sociedade do Século XXI, conhecida como A Sociedade do Desempenho ou da Performance ou ainda do Cansaço, as cobranças vêm de nós mesmos. Nós queremos performar mais, queremos render cada vez mais, queremos superar as expectativas o tempo todo.
E ainda temos várias metas a serem alcançadas, acompanhadas de seus indicadores. A saúde virou uma meta: preciso fazer atividade física 2, 3 vezes por semana. A alimentação virou outra meta: preciso comer saudável pelo menos uma vez ao dia. O descanso quase não existe mais: até nas horas vagas estou estudando ou lendo alguma coisa para performar mais e melhor.
Às vezes, precisamos lembrar que existe uma vida no meio dessa grande quantidade de metas que temos a cumprir.
Como somos nós que gerenciamos nosso próprio tempo, nossos horários e atividades, existe uma sensação de liberdade. Porém, a nossa cobrança interna é tão intensa que, na prática, essa sensação é falsa e apesar de toda dedicação, comprometimento e entrega, estamos ficando frustrados e deprimidos, pois é humanamente impossível dar conta de tudo que temos no nosso “To Do List”.
Apesar de não existir uma fórmula mágica, uma receita de bolo, listo algumas dicas de como produzir, desempenhar, performar e ainda assim manter a Saúde Mental:
• Estar ciente que todos nós, em algum momento, podemos não dar conta do recado;
• Ser mais tolerante comigo mesmo e com os outros;
• Lembrar que existem questões que não controlamos e irão acontecer querendo ou não. E não é nada pessoal, acontece com todos;
• Respirar- Mindfulness- Ter Foco;
• Empatia e Respeito as pessoas.
ACEITAÇÃO NÃO É PARALIZIA, ACOMODAÇÃO. É ACEITAR O QUE NÃO TEM JEITO.
*Rui Borges é Information Security na Vale. O executivo tem mais de 30 anos de atuação em empresas globais, na área de Tecnologia da Informação e Cyber Segurança e, nos últimos 15 anos, vem estudando sobre o comportamento humano e técnicas para melhorar a saúde mental.