Papel do hacktivismo na geopolítica: a nova campanha cibernética contra a Venezuela

Pesquisadores da Check Point Research destacam o ressurgimento das atividades hacktivistas, particularmente pelo coletivo Anonymous, após a controversa eleição presidencial de julho de 2024 na Venezuela, envolvendo ciberataques contra o governo como uma forma de resistência digital

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A Check Point Research (CPR), divisão de Inteligência em Ameaças da Check Point Software, analisaram recentes atividades hacktivistas contra o governo da Venezuela, o qual vem enfrentando uma significativa agitação política após a eleição presidencial de 28 de julho de 2024.

 

No atual cenário, Nicolás Maduro foi declarado vencedor, garantindo um terceiro mandato no cargo. No entanto, a oposição alega que há evidências substanciais indicando que a eleição foi fraudulenta, com alegações de que Maduro perdeu para o candidato da oposição, Edmundo González. O governo de Maduro foi amplamente acusado de manipular o sistema eleitoral e adulterar a contagem de votos.

 

Em resposta aos resultados das eleições, protestos generalizados eclodiram por toda a Venezuela, com manifestantes enfrentando forças de segurança e grupos pró-governo. A reação também se estendeu a grupos hacktivistas, que relançaram a campanha #OpVenezuela, predominantemente no Telegram e no X (anteriormente conhecido como Twitter).

 

No último dia 31 de julho, o coletivo Anonymous liderou a #OpVenezuela, declarando uma guerra cibernética contra o regime de Maduro. O grupo reivindicou a responsabilidade por lançar ataques DDoS contra mais de 45 sites governamentais, hackeando com sucesso vários deles.

 

O Anonymous Venezuela divulgou seu primeiro ataque bem-sucedido a servidores ligados ao governo, supostamente vinculados a uma aplicação que se acredita ser usada como spyware pelo regime de Maduro.

 

Vários grupos colaboradores, incluindo Cyber Hunters (também conhecidos como White Hunters), MS BOTNET Cyberhunter, Skull Hunters e outros, têm coordenado continuamente ataques DDoS contra bancos nacionais, organizações, empresas ligadas a Maduro e sites com o domínio gob[.]ve (governo da Venezuela) desde que os resultados das eleições foram anunciados. Esses ataques têm como alvo sites chave, incluindo a Presidência da Venezuela e sites de Ministérios.

 

Enquanto isso, autoridades venezuelanas acusaram hackers da Macedônia do Norte de interferirem nas eleições e causarem atrasos na análise de dados. Embora nenhum grupo específico tenha sido mencionado, o grupo hacker autodenominado pró-Ocidente e anarcocapitalista GlorySec emitiu uma declaração afirmando que são eles os acusados de interceptar as eleições venezuelanas. Embora o GlorySec tenha negado as acusações, eles continuaram compartilhando suas atividades no âmbito da #OpVenezuela, incluindo o suposto hackeamento de contas relacionadas ao Partido Comunista Venezuelano e a ameaça de vazar dados dos membros.

 

Os ciberataques direcionados à Venezuela durante as eleições de 2024 destacam uma tendência global em que o hacktivismo desempenha um papel crítico na agitação política e em regimes autoritários.

 

Grupos hacktivistas, movidos por diversas motivações, tornaram-se atores digitais chave em lutas reais, amplificando as vozes dos oprimidos e expondo as fraquezas dos sistemas autoritários. Essas ações não são exclusivas da Venezuela; refletem um padrão mais amplo onde o hacktivismo se cruza com eventos humanos significativos, desde levantes e protestos até conflitos em larga escala.

 

O renascimento de campanhas como a #OpVenezuela destaca como o hacktivismo evoluiu para uma ferramenta poderosa de resistência e perturbação. Essas ofensivas digitais visam frequentemente a infraestrutura governamental, ressaltando as vulnerabilidades de regimes que suprimem princípios democráticos e manipulam o poder. Nesse contexto, o hacktivismo não é meramente um protesto digital, mas um desafio direto à legitimidade do governo autoritário.

 

À medida que o hacktivismo continua a moldar o cenário digital global, é essencial reconhecer que essas ações agora são uma força significativa nos conflitos políticos. Assim como os conflitos tradicionais têm seus campos de batalha, as lutas modernas contra o autoritarismo têm suas linhas de frente cibernéticas, onde a luta pela liberdade, pelos direitos e pela mudança é cada vez mais travada. O papel dos hacktivistas nesses conflitos serve como um lembrete de que, no mundo interconectado de hoje, o ativismo digital é um palco central na luta contra a opressão e na busca por justiça.

 

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