O antivírus está morto mesmo?

Ferramenta resiste a uma espécie de "apagão de marketing", em uma indústria que aposta todas as fichas nas vendas por algoritmo; após a universalização da banda larga, nos anos 2000, o antivírus não apenas sobreviveu como vem crescendo em vendas globais acima do mercado de TI como um todo

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Já está completando três anos que o polêmico John McAfee, fundador e ex-CEO da empresa homônima, declarou a já célebre (ou folclórica?) sentença de que “o antivírus está morto”. Daquele período em diante, alguns bilhões de dólares anuais continuam sendo movimentados por grandes fabricantes globais de antivírus.

 

Como entender a situação? Aqui vai o meu palpite de alguém que dorme e acorda pensando no mercado de segurança. Acredito que o aumento rápido e espetacular da complexidade dos ataques cibernéticos, em algum momento da história, pegou o antivírus de “calça curta”.

 

Explico: se até os anos 2000 a posse de um bom antivírus resolvia quase que por completo a questão da segurança, de repente, não mais que de repente, o mesmo já não valia devido à universalização da banda larga, que aconteceu em velocidade supersônica. E isto em paralelo à fantástica profissionalização do crime cibernético.

 

De proteção única e tida por infalível, alguns formadores de opinião passaram a julgar o antivírus como o patinho feio da história, o filho sem pai. Dava uma falsa sensação de segurança, mas perdia de goleada na hora H, deixando a máquina à mercê dos atacantes.

 

Coitado: criado e evoluído ao ritmo do século XX, o pobre do antivírus, que figurava ainda como a barreira única na rede, já não dava conta do recado.

 

Mas o fato principal é o que enfatizei já mais acima. O antivírus não apenas sobreviveu heroicamente como vem crescendo em vendas globais acima do mercado de TI como um todo. Fica assim confirmada a minha opinião, tornada pública já aquela época, e baseada no paralelo de que o surgimento de superbactérias não justifica o desdém aos antibióticos.

 

E nem é preciso desenhar, todos já sabem: não há um só computador ou laptop novo, vendido por firmas sérias, que não traga um antivírus “embedded”, como alguns gostam de falar. Mais: não há uma única central unificada de firewall que não traga em sua estrutura um… antivírus!

 

Tudo isto apenas para dizer que, enquanto houver – e tudo indica que haverá cada vez mais – vírus, sejam eles chamados de malware, hoax, botnet, ou como queiram, o antivírus continuará uma necessidade de primeira ordem.

 

Mas e o mercado de antivírus?

 

O que eu entendo que ocorreu foi uma excessiva “commoditização” do antivírus, embora, aos olhos do usuário, ele continue indispensável.

 

Daí que a indústria numa ponta, e o consumidor na outra, passaram a privilegiar a compra online do produto. A venda viral, por impulso, movida à oferta via algoritmo, passou a predominar no mercado.

 

Pois eu afirmo que este “apagão” de marketing profissional (com emprego de expertise, isto é, de gente qualificada) revela uma falta de visão estratégica que faz muita empresa de revenda perder dinheiro ou, no mínimo, perder o contato com a realidade mais profunda do mercado de segurança.

 

Em contrapartida, muitas outras acabam surfando nesse mar aberto de oportunidade.

 

Dou testemunho a respeito do quanto esta visão vale a pena: das cerca de 14 mil revendas ativas no Brasil, calculo que pelo menos 2,5 mil (ou perto de 20%) têm feito receitas expressivas com a venda explícita e individualizada de antivírus.

 

Se o consumidor final (o desktop isolado ou escritório com até 10, ou digamos, 20 máquinas de mesa e laptops) aceita se virar com a oferta algorítmica, o mesmo não acontece com o cliente profissional do SMB ou da empresa grande.

 

O Escritório pequeno, mas com uma rede de, digamos, 50 máquinas em diante, quer mais. E a revenda pode dar, ou melhor, “vender” o que ele de fato almeja.

 

Esse cliente não trabalha sem um contato técnico “de confiança”. Não submete sua rede a um download justificado simplesmente pelo preço ou pela aparição de um ‘popup’ na hora exata da necessidade pontual.

 

Hoje, só com o nosso produto, são quase 700 revendas atuando dessa maneira. São empresas que vendem antivírus com base não só no diferencial da grife (existem algumas grifes até mais fortes que a nossa).

 

Revendas que se valem da confiança internacional do produto e acrescentam um dado que o algoritmo não entrega: o face a face com um cliente que exige compromisso com a sua rede e quer ter a quem apelar naquela hora da amargura.

 

Para concluir, quero repetir para que não reste dúvida: o antivírus não morreu! Está vivíssimo, e rende milhões em negócios para uma parcela do canal de TI e segurança.

 

* Eduardo D´Antona é CEO da Securisoft e Country Partner da Bitdefender

 

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