Nos dias de hoje, a maioria das pessoas associa o termo “cibersegurança” à tecnologia, e embora isso seja verdade, a maioria das pessoas não vai além e deixa de reconhecer seus outros aspectos. Mas é importante saber que esta indústria tem crescido significativamente à medida que o mundo migra para a digitalização. Na verdade, os dados da revista Forbes estimam que o setor de cibersegurança crescerá 36,5% até 2020, e de acordo com a Society for Human Resources Management, a demanda por profissionais de cibersegurança aumentará para 6 milhões de empregos no mundo inteiro até 2019.
É por isso que a cibersegurança não é responsabilidade dos governos; esta é uma questão que não deve envolver apenas as empresas de todos os setores, mas também a sociedade em geral. Vivemos na era digital, em que os cibercrimes são uma ameaça real.
Mas o que acontece quando há uma falta considerável e cada vez maior de profissionais para ocupar as posições de cibersegurança em todos os setores da indústria? De acordo com dados da revista Forbes, as mulheres representam 50% da população mundial; porém, elas constituem apenas 11% do total de profissionais da indústria de cibersegurança, de acordo com a WSC (Women’s Society of Cyberjutsu), o que cria grandes oportunidades profissionais, pois as mulheres estão insuficientemente representadas neste setor, principalmente em cargos de liderança de organizações. O problema é real, e ainda há uma grande diferença de gênero na indústria.
Por quê?
1) Percepção
Uma das principais razões para o baixo percentual de mulheres na cibersegurança é a fraca percepção. É muito comum considerar essa indústria como técnica, que exige habilidades muito específicas. Contudo, é fundamental esclarecer a importância de outras habilidades para a indústria para ajudar a produzir um equilíbrio melhor. O fato de que as pessoas acreditam que “não é normal ter mulheres na indústria de cibersegurança” desestimula a entrada de mulheres nesse setor, onde elas podem atingir o sucesso.
Os participantes do Workshop Sobre Diversidade 2016 da CREST, que discute a diferença de gênero na indústria de cibersegurança relataram que, apesar da percepção de que esse setor seja sexista ou inóspito para as mulheres, nenhum participante disse ter tido problemas como esses.
2) Formação
A segunda causa é a falta de formação tecnológica nas escolas, provocando uma falta de interesse, pois os alunos não recebem a opção de algo relacionado à cibersegurança. Se as escolas começassem antes as matérias relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática, mais mulheres pensariam em entrar no mundo da tecnologia e a participar do mundo da cibersegurança, ignorando as percepções e os estereótipos gerais que existem sobre essa indústria.
3) Reconhecimento
O reconhecimento das realizações das mulheres na indústria e daqueles que não têm medo de desafiar o status quo faz a diferença. Sem dúvida alguma, isso levaria a exemplos de mulheres na indústria, servindo de referência e inspiração neste campo, como Grace Murray ou Maria Klawe, além de mulheres influentes na indústria atualmente, como Annie Anton e Danna Dachmann.
A falta de representação e reconhecimento das mulheres na indústria não passou despercebida. Kerry Anderson, em seu livro Resolving the Cybersecurity Workforce Shortage (tradução livre: Como Resolver a Escassez de Profissionais de Cibersegurança), sugere que há um grande número de profissionais de TI qualificados no que ela chama de grupo de pessoas insuficientemente representadas, com as mulheres em primeiro lugar.
4) Comunicação
Sem uma boa comunicação ou diálogo ninguém sabe exatamente quantas oportunidades há na indústria, muito menos o que está envolvido. O maior desafio está em incentivar não só as mulheres, mas a população em geral, a pensar sobre TI e cibersegurança. As oportunidades existem para todos aqueles que se dedicam a esta indústria; aqui, o velho ditado “a maior barreira que existe é aquela que nós mesmos criamos” certamente se aplica.
O importante é mostrar que esta indústria tem muitos aspectos, que incluem a proteção da segurança e informação e o combate a crimes tecnológicos, para proteger a reputação e a troca de dados.
Independente disso, não devemos esquecer que a diversidade desempenha um papel muito importante em qualquer organização. Como explicou um aluno da Northumbia University, em Londres: “Algumas pessoas não sabem do que são capazes, mas com uma melhor formação e comunicação sobre o que é possível, a paixão pode se transformar em uma história de sucesso”.
* Vanessa Pádua é responsável pela equipe e gerenciamento de contas de canais da Fortinet para todo o Brasil