Golpes em aplicativos de relacionamento continuam a fazer vítimas

Criminosos utilizam engenharia social e chegam a montar sites de internet banking falsos para provar grandes quantias em contas bancárias

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O número de usuários de sites e aplicativos de encontros amorosos segue crescendo. O aplicativo Happn, por exemplo, apontou, em sua última pesquisa, que 60% dos brasileiros estão conectados a algum aplicativo de relacionamento. A utilização dessas ferramentas deve estar sempre aliada a uma série de cuidados, uma vez que os apps são constantemente usados por fraudadores profissionais como meio de atrair vítimas.

 

Segundo Ian Cook, diretor sênior da Kroll, é comum a prática de versões da famosa “fraude do pagamento antecipado”, ou “fraude nigeriana”. Neste tipo de fraude, o golpista, após conquistar a confiança da vítima, solicita a transferência de quantias em dinheiro para diferentes finalidades, como a compra de passagem aérea ou, até mesmo, para mudar de país e estabelecer um relacionamento sério com a vítima. Os criminosos encontram formas de cativá-las com artimanhas cada vez mais sofisticadas.

 

“Já me deparei com golpes extremamente refinados, a ponto de o fraudador criar um site falso de um determinado banco e dar à vítima total acesso aos dados, levando-a a acreditar que ele possui muito dinheiro em conta corrente. Outro formato muito utilizado é o envio de cópias de extratos fraudados, que comprovariam a quantia de dinheiro alegadamente depositada na instituição financeira. Nestes casos, o próprio golpista pode também se passar pelo gerente do banco, solicitando valores a título de tarifas bancárias para liberação do dinheiro depositado. Ele pode também fingir ser oficial da autoridade fiscal estrangeira e informar que o dinheiro só poderá ser enviado ao Brasil após o pagamento de impostos locais”, explica. “Os valores são enviados através de empresas de remessa de valores ou remetidos a contas de ´laranjas´ e vão direto para o fraudador”, complementa.

 

De acordo com dados da Receita Federal, a alfândega frequentemente recebe ligações de pessoas que querem retirar presentes supostamente retidos e que só seriam liberados mediante o pagamento de impostos. No entanto, esses presentes nunca chegaram ao país. Na realidade, tais ligações vêm de vítimas do mesmo tipo de golpe. A fraude vem acontecendo pelo menos desde 2016, na qual estelionatários criam perfis falsos na internet, normalmente aparentando ser estrangeiros com ótimas condições financeiras.

 

Após o envio ilusório dos presentes, a vítima é instruída a depositar um valor específico – em geral, é fornecida uma conta corrente de pessoa física para o depósito – para que a alfândega libere as mercadorias. Ainda, em alguns casos, o estelionatário chega a afirmar que está encaminhando um anel de noivado para casar-se com a vítima. Depósitos no valor de até 20 mil reais chegaram a ser efetuados por vítimas do golpe.

 

Recentemente, uma quadrilha composta por nove nigerianos e duas brasileiras foi presa em São Paulo. O grupo criava perfis de militares, médicos ou empresários estrangeiros que se apresentavam às vítimas com interesse de imigrar para o Brasil e buscar um relacionamento amoroso. Depois, os golpistas diziam que precisavam de ajuda das interessadas para viajar ao Brasil. Elas, então, enviavam quantias consideráveis para os integrantes da quadrilha.

 

“Os canais de comunicação se multiplicaram e a quantidade de pessoas que usam a internet para encontrar parceiros também, já que estes aplicativos são facilitadores. Consequentemente, o crescimento de sites de relacionamentos potencializou esse tipo de crime, já que aqueles que são mal-intencionados também passam a atacar mais no meio digital”, explica o executivo.

 

Cook recomenda maior desconfiança do público como primeira medida de cautela e sugere pesquisas em ferramentas de busca confrontando o nome do interlocutor com sua as informações dadas por ele, por exemplo, locais que frequenta, profissão, amigos. É possível também, através de ferramentas de busca, identificar se as fotos enviadas pelo interlocutor são reais ou se foram obtidas pela internet.

 

Além disso, o especialista ainda alerta para não dividir dados pessoais sob qualquer hipótese e, muito menos, transferir valores de qualquer montante. “Nunca envie nenhuma quantidade em dinheiro para alguém que você conhece apenas online, independentemente, da história contada pelo pretendente”, adverte. Às vítimas, a orientação é suspender imediatamente qualquer comunicação com o criminoso.

 

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