A Frente Parlamentar de apoio à Cibersegurança foi inaugurada no Congresso Nacional no último mês de março, com o acompanhamento de líderes da comunidade do Security Leaders, para fazer avançar novas discussões acerca de políticas e legislações focadas em SI. Representantes dessa comunidade comemoraram a aliança de parlamentares, e apontam que ela pode significar um novo passo para a formação de mais maturidade Cyber no país.
Na visão dessas lideranças, o cenário legal de Segurança da Informação no Brasil é promissor, mas ainda conta com certas divisões que desafiam tanto o poder público quanto a iniciativa privada em termos de orientações e padrões operacionais baseados na realidade nacional. Segundo eles, embora haja avanços importantes, especialmente com a Lei Geral de Proteção de Dados, a operacionalização da Cyber segue muito fragmentada.
“Nesse sentido, eu vejo a formação da Frente Parlamentar como uma iniciativa extremamente positiva e necessária. Ela surge com o intuito de unir lideranças, especialistas e representantes de diferentes setores para discutir e propor políticas públicas efetivas. Além disso, a frente cria um canal institucional dentro do Congresso para tratar o tema coma prioridade que ele merece”, comenta Cristiane Dias, Executiva de Tecnologia, em entrevista à Security Report.
Agora, com a formação desse grupo de trabalho, espera-se que ações mais concretas comecem a tomar forma dentro do governo federal, a partir de discussões com a sociedade civil e especialistas do mercado e acadêmicos. Uma das ações mais esperadas pelos CISOs é a criação de uma Agência Nacional de Cibersegurança, cujo objetivo seria gerenciar, de forma executiva, a Política Nacional de Segurança.
Na visão do CISO da Valid, Pedro Nuno, Um órgão com essa responsabilidade teria um papel central em endereçar as fragilidades atuais do ecossistema digital, trazendo coordenação, autoridade e visão estratégica a um cenário que hoje é marcado por fragmentação e reatividade. Além disso, ela poderia ser a liderança de iniciativas focadas no fomento à inovação local, formando parcerias entre universidades e a indústria de SI.
“A importância de uma Agência Nacional de Cibersegurança reside, portanto, em sua capacidade de ser um catalisador de maturidade. Ela daria ao Brasil o que falta hoje: liderança unificada, resposta estruturada e visão de longo prazo. Como CISO, vejo nisso a chance de saímos do modo “apagar incêndios” para uma postura proativa. Para funcionar, porém, ela precisa de independência, orçamento robusto e poder de execução”, alerta Nuno.
Cooperação do setor
Diante dessa e outras promessas oferecidas pelos parlamentares da Frente de apoio à Cyber, os executivos também comentam que tanto eles quanto a indústria Cyber precisam cumprir um papel crucial para auxiliar o grupo de trabalho a ter êxito. Esse apoio visa garantir que as demandas feitas pelos CISOs, diretores de TI e CEOs de empresas de Tecnologia sejam realmente trazidas à luz.
Pedro Nuno recomenda, por exemplo, que esses profissionais se posicionem a partir de associações e coalizões setoriais como forma de alinhar as demandas mais críticas para o setor. Além disso, é importante que empresas formem parcerias público-privadas com os poderes públicos para desenvolvimento de tecnologias nacionais e capacitação de profissionais. Por fim, suportar a conscientização das pessoas também levará a resultados de longo prazo.
O setor de cibersegurança, especialmente seus líderes, tem um papel fundamental como ponte entre a realidade técnica e o mundo político. É essencial que esses profissionais contribuam com dados, diagnósticos, sugestões técnicas e experiências práticas. Mais que isso, precisam atuar como agentes mobilizadores da sociedade e do setor produtivo, ajudando a transformar a Cyber em uma pauta estratégica de desenvolvimento nacional”, concorda, por fim, Cristiane.