Um dos grandes anúncios do mercado financeiro realizados durante esta quarta-feira (12/06), durante o CIAB 2019, foi a primeira rede de blockchain criada pela FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos e a CIP – Câmara Interbancária de Pagamentos. Baseado aos moldes do SPB, o sistema tem como objetivo mitigar as fraudes ocorridas em celulares.
A iniciativa, implementada pela CIP, contou com um investimento inicial de R$ 3 milhões para construir a infraestrutura que utiliza plataforma Hyperledger Fabric, da IBM, projeto colaborativo baseado em código aberto, e conta com a participação do Banrisul, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú, JP Morgan, Original, Santander e Sicoob.
O device ID usa blockchain para compartilhar identificações de dispositivos móveis. A partir dessas identificações, as instituições financeiras poderão enriquecer seus sistemas antifraude para verificar se um dispositivo específico é confiável ao avaliar, por exemplo, se é um aparelho perdido, furtado ou roubado. Assim evita-se que o cliente bancário seja alvo de fraudes.
O projeto não é tão novo porque o primeiro caso de uso da rede de blockchain é o device ID. O projeto foi apresentado durante o CIAB FEBRABAN do ano passado como um protótipo desenvolvido de forma colaborativa por bancos e instituições financeiras. O projeto foi coordenado pelo trabalho (GT) Blockchain FEBRABAN, criado em 2016 para estudar a tecnologia.
Do final do CIAB de 2018 até a edição deste ano, o protótipo foi refinado e validado pelos bancos que integram o GT Blockchain FEBRABAN. As instituições financeiras também trabalharam para estabelecer a rede, cujas estruturas de governança, de instrumentos jurídicos e de segurança estão a cargo da CIP e da FEBRABAN.
De acordo com o estudo desenvolvido pela FEBRABAN, 31,3 bilhões de pagamentos e transferências foram feitos pelo celular em 2018, superando o internet banking. O valor corresponde a 40% do total de transações bancárias no período, que chega a cerca de 80 bilhões. Para utilizar a rede de compartilhamento em transações bancárias, o processo é mais longo. No momento, a tecnologia blockchain não suporta a quantidade de transações por minuto nos horários de pico no Brasil.
“Já temos outro caso de uso, já desenvolvido em Corda, a ser anunciado nos próximos dois meses, fruto da parceria com a R3”, comenta Kawakama, superintendente-geral da CIP. A ideia, segundo ele, é de que o projeto tenha custo zero para os participantes do blockchain e a partir do segundo ano, serão cobrados taxas aos integrantes. Além disso, a CIP já está em contato com as operadoras para que elas entrem também façam parte do device ID.