A esposa de um suposto hacker russo que pode ser extraditado da Espanha para os Estados Unidos disse à Reuters que o marido está sendo mantido em uma solitária e que nega a acusação de ter idealizado uma das maiores redes de spam do mundo.
Peter Levashov foi preso em abril, quando passava férias em Barcelona, e procuradores dos EUA mais tarde o acusaram de crimes cibernéticos, afirmando que ele operou uma rede de dezenas de milhares de computadores infectados usados por criminosos cibernéticos, conhecida como Kelihos, para distribuir vírus, ransomware, emails com phishing e outros ataques de spam.
Os procuradores querem uma pena de 52 anos de prisão para Levashov, de acordo com documentos de extradição vistos pela Reuters, e uma audiência sobre o caso deve acontecer em Madri na quarta-feira.
Levashov, que há tempos é considerado a identidade provável de um pseudônimo virtual conhecido como Peter Severa, passou anos listado entre os 10 principais criadores de spam do planeta, de acordo com o grupo de monitoramento de spam Spamhaus.
O caso do russo possibilita um raro vislumbre dos esforços dos EUA para rastrearem e processarem criminosos cibernéticos internacionais, e surge no momento em que hackers russos estão sob escrutínio intenso devido ao fato de autoridades de inteligência norte-americanas terem acusado Moscou de realizar invasões cibernéticas durante a eleição presidencial dos EUA no ano passado em favor de Donald Trump, o que a Rússia nega.
Maria Levashova, mulher do suspeito, disse que seu marido negou as acusações, mas que ainda não viu as acusações completas. Ela também acusou as autoridades espanholas de maltratá-lo a mando de autoridades de inteligência dos EUA.
“Está claro que as ações das autoridades espanholas e norte-americanas têm a intenção de colocar meu marido em um estado tal que esteja preparado para assinar qualquer coisa, ou que simplesmente não chegue ao tribunal”, afirmou, chorando.
Conversando com a Reuters em um café de São Petersburgo, a mulher disse que ele foi confinado a uma solitária e que está sendo transferido entre prisões sem aviso, e que por isso não sabe mais onde ele está.
Um funcionário da Secretaria de Penitenciárias da Espanha não quis confirmar que Levashov está sob custódia, mas negou que qualquer prisioneiro na Espanha seja maltratado e disse ser “impossível” que se negue a um prisioneiro ter acesso confidencial a seu advogado.
O FBI se recusou a comentar as alegações de Levashova e encaminhou os questionamentos ao Departamento de Justiça dos EUA, que não respondeu a um pedido de comentário. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
* Com informações da Agência Reuters