É possível elevar a maturidade cibernética a partir de comunidades vulneráveis?

Utilizando a cooperação internacional e treinamento de todo o conjunto social, os países do Pacífico estabeleceram uma estratégia comum de elevação da maturidade cibernética, baseada na conscientização dos cidadãos nas boas práticas de Cyber e na aprovação de leis que reforcem o combate ao cibercrime

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Além do Brasil, diversas outras regiões do mundo têm buscado endereçar as novas dinâmicas do ciberespaço, ditadas pelos riscos de ameaças e o rápido avanço de tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial. Esse cenário levou a comunidade de nações do Oceano Pacífico a alinharem estratégias conjuntas para preparar seus cidadãos em temas ligados à Cibersegurança e tendências tecnológicas.

 

Essa percepção foi apontada pela Chefe de Projeto USAID de Conectividade Digital e Cibersegurança no Pacífico, Anju Mangal. A especialista conta que a região enfrenta desafios similares a países continentais como o Brasil, pois questões de natureza social, política e geográfica formam um cenário de atenção para autoridades governamentais e sociedade civil. Esses desafios são particularmente nocivos a parcelas mais vulneráveis da população local.

 

“Nas Ilhas Fiji e regiões vizinhas, há questões de infraestrutura limitada, localizações geográficas desfavoráveis, gaps de talentos em Cyber Security, além de todas as ameaças cibernéticas globais. Isso afeta especificamente extratos sociais de pessoais com deficiência, mulheres e jovens, e por isso, prepará-los nos conceitos de ética no ciberespaço é uma prioridade”, disse Anju, durante keynote no Security Leaders Nacional em São Paulo.

 

Essa preparação foi estabelecida por meio de uma ampla estratégia de aumento da maturidade Cyber, direcionada especialmente aos indivíduos locais. A ideia é prepará-los para um futuro ativo no mundo cibernético, o que exige noções de boas práticas de Segurança e usos éticos das novas tecnologias. Essa ação foi articulada internacionalmente entre os países baseados na região.

 

Anju aponta que o projeto se baseia no aconselhamento e assistência aos governos digitais de cada um dos estados insulares, de modo a suportar treinamentos de IA e Segurança para comunidades vulneráveis. Com esses treinamentos, a sociedade local passa a utilizar essas ferramentas a seu favor, incentivando o desenvolvimento seguro de novos casos de uso e apoiando a atividade econômica baseada na inovação.

 

“Com isso, construímos um esforço coordenado com setores-chave da economia, apoiando as atividades de Cibersegurança. Isso inclui governos, sistemas financeiros, telecomunicações e comunidades civis especializadas ou carentes de preparação. Nós também investimos na cooperação internacional e alinhamento de parcerias estratégias com os grandes players do Pacífico”, acrescenta a executiva.

 

Base legislativa

Anju Mangal também reforça que o trabalho conjunto das nações no Pacífico dependeu largamente da aprovação de uma série de leis e estratégias para, ao mesmo tempo, coordenar as operações de Segurança Cibernética e reprimir os crimes digitais. Nesse sentido, cada um dos países insulares do Pacífico traçou suas políticas de Cyber e tecnologia levando em conta a cooperação com seus vizinhos.

 

Neste momento, os próximos passos que a região deve trilhar são voltadas ao uso ético da Inteligência Artificial e proteção de dados dos usuários. A proposta é garantir tanto o desenvolvimento seguro e ético da tecnologia, quanto preservar a privacidade individual, exigindo posicionamento mais criterioso por parte de governos em relação a esses usos potencialmente nocivos.

 

“A IA pode aumentar as defesas de Cyber Security, mas pode também ser explorado por hackers para melhorar ataques mirando comunidades vulneráveis. Se estamos vendo essa tecnologia se tornar parte de nossas vidas, não há dúvidas de que a governança dos dados e o uso de critérios mais rígidos apenas favorecerão a Segurança dos usuários”, encerra Anju.

 

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