Pesquisa realizada entre os executivos da Comunidade Security Leaders apontou avanço neste ano nos projetos de atração e seleção para públicos diversos como mulheres, pretos/pardos, 50+, PCD e LGBTQIA+, em comparação com 2022
A Diversidade e Inclusão dentro das organizações se tornou um debate global, inclusive no setor de Segurança da Informação. Para muitos CISOs, contratar profissionais de grupo de inclusão como mulheres, pretos/pardos, 50+, PCD e LGBTQIA+ pode ser a grande solução do problema de escassez de mão de obra no setor. Apesar do movimento avançar dento das organizações, essa inclusão tem uma longa jornada, principalmente em cargos de liderança.
Uma pesquisa encabeçada pelo CISO Marcelo Miola junto aos líderes da comunidade Security Leaders e realizada entre os dias 07 e 17 de março deste ano, ouviu 25 empresas de diversos segmentos para entender a diversidade de profissionais no departamento de Cyber Security. Em geral, houve evolução na existência de perfis diversos nas empresas participantes. 37% das empresas possuem programas de atração e seleção de públicos diversos e 15% das organizações contam com projetos de formação e desenvolvimento da diversidade.
Em representatividade, 24% das posições de um time são ocupadas por mulheres, uma evolução de 3 pontos percentuais em comparação com 2022. 17% das posições de um time de SI são ocupadas por pretos e pardos, uma evolução de 2 pontos percentuais frente ao ano passado. Em média, os times de Segurança têm 7 profissionais mulheres sendo 1 em posição de liderança. Quando as equipes são compostas por muitos gestores, no máximo 4 são mulheres.
De acordo com Fernanda Vaqueiro, CISO na V.Tal, o GAP no mercado de SI é gigante, entretanto, há oportunidades e chances de todos contribuírem com mais diversidade. A executiva compartilha que teve ótimas experiências em sua trajetória profissional, “pois não atuei em organizações que limitavam o crescimento feminino. É preciso aproveitar a alta do tema para ampliar as posições dentro dos times de SI”, diz a executiva durante o Security Leaders.
Para ela, o papel das lideranças femininas é muito importante, pois inspira outras mulheres a chegarem em diversos patamares de liderança. “Estamos em um caminho de evolução. Se compararmos com 10 anos atrás, a gente não conseguia criar um painel de mulheres como esse. Claro que temos um longo caminho para percorrer, mas estamos evoluindo bem”, acrescenta.
Juliana Pivari, Gerente de Segurança da Informação no Grupo Cimed, lembra quando assumiu um novo desafio em sua trajetória profissional na área de Segurança no conglomerado. Segundo ela, 60% do time é composto por mulheres. “É importante levar esse tema para áreas que podem nos ajudar nesse equilíbrio, como o RH. A escassez de conteúdo dificulta o trabalho de disseminação dessa disciplina entre os profissionais, precisamos falar mais de todas as possibilidades, cores e sabores dentro desse segmento”, explica a executiva.
Profissionais 50+
Esta categoria também entrou na pesquisa de Diversidade e Inclusão. Em média, os times de Segurança da Informação possuem 1 colaborador nessa faixa etária. Quando o departamento de Cyber é muito grande, no máximo 3 são 50+, independentemente do gênero.
Na visão de Abian Laginestra, Head de SI na Aliansce Sonae Shopping Centers, é importante apostar em profissional sênior justamente pelo forte background, não só em ciências da computação, mas em gestão e maturidade.
“Na minha equipe, tenho um colaborador nessa faixa etária e ele traz várias visões de mundo, ajudando os garotos mais novos a fazer relatório, algo que eu não tinha pensado. Comecei a perceber que os e-mails, por exemplo, começaram a melhorar bastante, um efeito colateral dessa iniciativa de múltiplas gerações. A diversidade ajuda os times de dados e Segurança da Informação porque ajuda a pensar em soluções e camadas de defesa múltiplas, diferenciadas e de várias facetas”, explicou Laginestra em recente entrevista à Security Report sobre o assunto.
Pretos e Pardos
Em aspectos gerais, os times de Cyber Security possuem, em média, 5 profissionais autodeclarados pretos ou pardos, enquanto o mais comum é ter apenas 1 colaborador. Em posição de liderança, as empresas contam com 1 profissional preto/pardo.
Entre os PCDs (profissionais com deficiência de acordo com as tipificações previstas em lei), o estudo apontou 2 colaboradores no time de SI, sendo que a média é ter um profissional em posição de liderança. Além disso, o departamento de Segurança Cibernética, em média, possui 3 profissionais LGBTQIA+. Em posições de liderança, a média é de 1 profissional.
Na visão de Márcia Tosta, CISO e especialista em Segurança da Informação com mais de 20 anos de carreira, a diversidade em Segurança é um assunto sério e precisa evoluir em todos os sentidos. Márcia chama atenção também pelo interesse de muitos jovens em embarcar no mercado Cyber.
“Nosso papel como líderes é passar nossos conhecimentos de uma maneira leve, clara e transparente para esses novos profissionais, até mesmo para que eles não cometam os mesmos erros e não passem pelas mesmas dificuldades. Estamos começando essa batalha agora e prevejo sucesso em um futuro muito próximo”, conclui a executiva durante o Security Leaders.
A pesquisa realizada por Marcelo Miola mostra também que, apesar de uma pequena evolução, o segmento ainda segue necessitado de mais iniciativas voltadas ao público feminino, 50+, pretos e pardos, PDC e LGBTQIA+, proporcionando mais diversidade e inclusão em empresas de todo o Brasil.