A startup chinesa DeepSeek emergiu como um dos principais nomes da Inteligência Artificial nos últimos dias, alcançando o topo da App Store com seu assistente de IA e desafiando gigantes do setor, como a OpenAI. No entanto, a rápida ascensão não passou despercebida pelo cibercrime. A empresa confirmou nesta segunda-feria (27) que sofreu ataques cibernéticos massivos e precisou limitar registros de novos usuários à plataforma de IA.
“Devido a ataques maliciosos em grande escala aos serviços da DeepSeek, estamos limitando temporariamente os registros para garantir a continuidade do serviço”, disse a empresa em uma página de relatório de incidentes. Segundo ela, os usuários existentes tinham permissão para fazer login normalmente. Embora a empresa não tenha divulgado detalhes do ataque, especialistas sugerem que sua API e Web Chat foram vítimas de ataque DDoS.
Essa investida ocorreu quando a startup consolidava sua posição como um dos principais competidores do ChatGPT, impulsionada por um modelo de IA que promete desempenho equivalente ou superior aos líderes do mercado a um custo de treinamento significativamente menor – cerca de US$ 5,576 milhões, conforme divulgado pela própria empresa.
A DeepSeek já havia enfrentado desafios de segurança anteriormente. No fim do ano passado, o pesquisador Johann Rehberger identificou uma vulnerabilidade que permitia a invasão de contas via injeção de código malicioso. Com os ataques recentes, a preocupação com a robustez da segurança da startup cresce, levantando dúvidas sobre os riscos atrelados a novas plataformas de IA que surgem em ritmo acelerado.
IA na cibersegurança: avanço e novos riscos
O episódio envolvendo a DeepSeek acontece em um momento de transformação para a Cibersegurança. A Inteligência Artificial está deixando de ser apenas uma ferramenta auxiliar para se tornar um pilar mais estratégico na defesa digital. De acordo com o relatório Cybersecurity Forecast 2025, do Google Cloud, em 2025, haverá uma transição para operações de segurança semi-autônomas, onde a IA tomará decisões preliminares e os analistas atuarão apenas nos casos mais críticos. Na visão da gigante de tecnologia, o objetivo é reduzir o tempo de resposta a incidentes e permitir que as equipes se concentrem em ameaças mais sofisticadas.
Por outro lado, a preocupação com ataques cibernéticos cresce na mesma medida em que a IA se torna um divisor de águas no setor corporativo. Segundo o Global Cybersecurity Outlook 2025, publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), o avanço de novas tecnologias traz desafios: 66% dos executivos consideram a IA uma das inovações mais impactantes para os negócios, mas apenas 37% implementaram processos adequados de Segurança antes de adotá-las.
Com o fortalecimento de startups como a DeepSeek, o domínio das Big Techs sobre o desenvolvimento da IA pode ser colocado em xeque, e pode trazer mais complexidade para a segurança digital. O relatório do WEF também aponta que 72% das organizações relataram aumento nos riscos cibernéticos em 2024, cenário com maior impacto para as empresas com menor maturidade em termos de Cyber Security, onde 71% dos líderes de SI acreditam que pequenas organizações atingiram um ponto crítico de incapacidade para lidar com os riscos cibernéticos.
Quebra da hegemonia das Big Techs
O impacto da DeepSeek não se limita à Cibersegurança. A startup vem chamando atenção por seu modelo de IA altamente eficiente e acessível, desafiando o monopólio de gigantes como OpenAI e Google. Seu principal diferencial é o custo reduzido no processo de desenvolvimento e aplicação da tecnologia nos negócios.
A ascensão da DeepSeek acontece em um momento politicamente delicado. Com Donald Trump novamente na presidência dos EUA e seu alinhamento com os grandes CEOs das Big Techs, em que a disputa com a China no setor de IA ganha novos contornos.
Mesmo entre especialistas da indústria, a DeepSeek já vem sendo reconhecida como uma revolução inesperada. O próprio CEO da OpenAI, Sam Altman, classificou o modelo DeepSeek-R1 como “impressionante” e celebrou a chegada de um novo competidor ao mercado.
*Com informações da Reuters e The Hackers News