Cyber como risco emergente: Desafio é gerenciar a partir do impacto ao negócio

Do ponto de vista do setor de riscos, apenas analisar aspectos tradicionais que afetam os rendimentos bancários, como a liquidez de lucros, não é mais suficiente para garanti um alto padrão de valor para o negócio, sendo necessário manter uma visão abrangente sobre conceitos de novas tecnologias e ameaças cibernéticas. Nesse sentido, contar com comitês multissetoriais é fundamental

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No mercado financeiro, o objetivo principal do setor de riscos é garantir que o banco atinja o maior valor financeiro possível, a partir da maximização dos lucros e a redução dos custos operacionais do negócio. Porém, fazer esse cálculo não se resume mais a considerar riscos financeiros usuais, sendo necessário também formar percepção sobre eventuais demandas em áreas como inovação e Segurança cibernética, ampliando o leque de especializações do setor.

 

Essa visão foi reforçada durante o painel “Riscos emergentes: identificação e incorporação no gerenciamento de riscos”, apresentado durante o 15º Congresso Internacional de Gestão de Riscos da Febraban. Durante a conversa, líderes de risk management de diferentes instituições financeiras trataram de como os bancos devem permanecer atentos aos chamados “riscos emergentes” e gerenciá-los da melhor forma possível.

 

“Em essência, tipificar um risco emergente não é tarefa fácil: são situações bastante imprevisíveis no médio e longo prazo, mas possuem impactos que podem gerar danos catastróficos quando não são precificados adequadamente. Riscos de mau uso da Inteligência Artificial e incidentes cibernéticos, por exemplo, são casos que precisam de atenção constante da alta gestão”, apontou o Gerente de Testes de Estresse, Simulações e Gestão de Risco de Estratégia do Banco do Brasil, Sérgio Ziller.

 

Diante desse cenário, os executivos reforçam que gerenciar os riscos emergentes, como os cibernéticos, da mesma forma que os tradicionais não é uma medida que gerará resultados eficientes. Em vez disso, será preciso trabalhar sem dados históricos concretos e com maior foco em megatendências vigentes no mercado. Isso também deve levar a recomposições do perfil dos times de risco e incluir maior visão de pessoas sobre essas questões.

 

Conforme aponta Priscila Ruiz, Superintendente de Riscos e Controles Internos do Inter, os comitês de risco deverão se tornar entidades cada vez mais diversas e amplas, incluindo representantes dos diferentes pontos de vista do negócio bancário de modo a integrar visões diferentes de risco, mas que se complementam em um mesmo objetivo. Manter alinhamento com setores de comunicação, recursos humanos e jurídico também seguirá essencial.

 

“No fim, o foco do setor segue sendo gerar maior valor financeiro ao banco, e todos os focos do risco tem essa mesma finalidade. Portanto, a ideia é analisar cada perspectiva de riscopara que seja traçada uma priorização adequada à realidade do negócio e da sua capacidade de mitigar esse risco. Isso inclui roteirizar medidas de resposta, especialização dos profissionais de risco e testagem de resiliência constante”, acrescenta a executiva.

 

Além disso, será papel crucial do próprio Comitê de riscos saber traduzir as linguagens técnicas dessas demandas para uma linguagem que sensibilize o board. Esse ponto é ressaltado pelo Integrante do Comitê de Riscos da Caixa Econômica Federal, Luiz Henrique Lobo, que defende a aproximação e cooperação de setores como a Segurança Cibernética em planos de mitigação de riscos focados na continuidade do business.

 

“Função de um comitê de riscos é fazer um meio de campo entre a diretoria e os temas técnicos e profundos relacionados aos riscos corporativos, como o risco cibernético. Mas para que isso aconteça, é preciso que exista, antes uma aproximação entre as áreas de Cyber e risco, que vão saber coordenar as demandas técnicas com aquilo que é alcançável na relação com o board. Será uma troca de apoios que fortalecerá ambas”, conclui.

 

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