A Computação Quântica demonstra um crescente potencial para transformar o universo da Tecnologia Informacional e da Segurança. Todavia, o caráter inicial de estudos sobre a nova tecnologia desafia a possibilidade de formar casos de uso visíveis, algo que o SENAI CIMATEC tem visado enfrentar ao lançar o Centro de Competências Nacional de Tecnologias Quânticas, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
O projeto recebeu, em outubro de 2023, um aporte de R$ 60 milhões de reais para a estruturação do chamado Quantum Industrial Inovation (QuIIN), que visa capacitar profissionais e acadêmicos para ampliarem o escopo de estudos a respeito do universo quântico da computação. Por meio de projetos como esse, a perspectiva do SENAI CIMATEC é posicionar o país no mapa das inovações em Computação e Comunicação Quântica.
“A CIMATEC tem participado tanto de estudos na área quanto com diálogos feitos com a Organização Internacional de Normalização, via ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Fomos escolhidos para cumprir a missão de representar o Brasil nessa corrida para garantir a usabilidade da comunicação quântica, tornando essas descobertas em usos práticos” explica o Pesquisador Líder em Computação Quântica no QUIIN, João Marcelo Souza.
Durante Estudo de Caso apresentado no Security Leaders de Salvador, Souza explicou que os usos teóricos do universo Quantum na computação são diversos, especialmente no que tangem o processamento avançado. No caso da Cibersegurança, a possibilidade de elevar os níveis de proteção criptográfica podem tornar esse um recurso imprescindível para proteger as comunicações de uma rede computadorizada.
Isso ocorre, pois as leis da mecânica quântica oferecem a possibilidade de observância de um determinado dado em pares, exigindo que o usuário que vai acessar essa informação possua uma chave quântica capaz de decifrar o código. Sem esse acesso quântico, qualquer tentativa de interceptar essa comunicação abalaria a integridade do registro, impedindo-o de ser lido.
“Assim, as informações transmitidas por um canal de comunicação quântico específico não podem ser lidas, violadas ou interceptadas por quem esteja fora dessa conexão. Isso abre uma oportunidade para criarmos redes distribuídas de comunicação baseadas em canais quânticos, elevando a proteção dessas estruturas. Ainda estamos avançando nesses estudos, mas os resultados que tivemos até agora são muito promissores”, acrescenta Souza.
Próximas etapas
João Souza também deu detalhes dos próximos passos que o centro de estudos QuIIN pretende alcançar. Segundo ele, ainda existem desafios a serem atravessados, especialmente relacionados à padronização de alguns conceitos de criptografia, como o ISO tem buscado endereçar. Mas o Senai CIMATEC tem evoluído por meio de parcerias com entidades privadas e com o poder público para aplicar os primeiros conceitos na realidade.
Nesse processo, o centro está criando uma rede de contatos quânticos dentro do órgão acadêmico e desenvolvendo laços de contatos clássicos baseados na proteção de canais quânticos. Disso nascerá um projeto para criar a primeira rede metropolitana quântica de dados do país, com parceria da Rede Nacional de Pesquisas.
“Logo teremos que nos questionar qual será o papel de cada um nessa nova realidade que se avizinha. A ideia do Senai CIMATEC é elevar a competência dos nossos estudiosos com grades de pós-graduação em Quantum Computing, visando atrair novos talentos para estudarem criarem e empreenderem nesses projetos. Vamos possibilitar a chegada de mais tecnologias e mais conhecimento para fortalecer as possibilidades de desenvolvimento”, concluiu Souza.
Assim como esse, outros cases de sucesso estão previstos para a agenda dos do Security Leaders Regional em Fortaleza. A programação conta ainda com painéis de debates, além do keynote de abertura de Clayton Soares, Head de Tecnologia & Inovação da Auto Peças Padre Cícero, que fará uma provocação sobre Segurança e Resiliência Cibernética. As inscrições estão abertas.