Por Rodrigo Jorge*
Ao ler a recente reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, que destaca que 4.600 pessoas são alvo de tentativas de golpe financeiro a cada hora no Brasil, fica evidente o quanto nosso país é propício ao cibercrime. Esse dado alarmante, apresentado em pesquisa encomendada pelo Datafolha, expõe falhas sistêmicas profundas que demandam mudanças urgentes.
O problema não reside apenas na audácia dos criminosos, mas principalmente nas brechas deixadas por um ecossistema desestruturado e permissivo. Um dos pontos mais críticos é a escassez de recursos e a insuficiência das forças de segurança para rastrear, capturar e punir os criminosos de forma eficaz. A ação contra o cibercrime demanda uma abordagem coordenada entre diversas agências, algo que, infelizmente, ainda não ocorre no Brasil com a intensidade necessária. O resultado é uma maré crescente de crimes que continua a escapar das malhas da justiça.
Além disso, o papel das redes sociais como trampolim para os criminosos é inegável. Essas plataformas, em muitos casos, permitem a proliferação de golpistas, seja pela falta de verificação rigorosa dos usuários ou pela venda de anúncios que acabam sendo utilizados para promover fraudes. A responsabilidade dessas empresas precisa ser questionada e regulamentada, uma vez que seu alcance potencializa o impacto desses golpes.
As operadoras de telecomunicações, sejam elas de pequeno ou grande porte, também têm sua parcela de responsabilidade. A venda de serviços de telefonia, incluindo VoIP, para criminosos, sem a devida fiscalização ou checagem de antecedentes, é uma prática que facilita o cibercrime. A ausência de requisitos rigorosos para a contratação desses serviços abre portas para abusos graves e precisa ser revista com urgência.
Diante desse cenário, onde as falhas estruturais alimentam o cibercrime, a falta de uma cultura de segurança sólida na sociedade brasileira faz com que nossos cidadãos se tornem alvos fáceis. Como líderes em segurança digital, temos a responsabilidade de ir além da proteção tecnológica. Precisamos educar e preparar nossa sociedade para enfrentar essas ameaças de forma eficaz.
Chegou a hora de agir. Devemos fortalecer nossas defesas, exigir mais responsabilidade das plataformas digitais e operadoras de telecomunicações e, acima de tudo, cultivar uma cultura de segurança que esteja à altura dos desafios que enfrentamos. Juntos, podemos transformar esse cenário e proteger o que mais valorizamos: nossa segurança e nosso futuro.
*Rodrigo Jorge é CISO e Cyber Security Advisor – CISM e SACP
*Com informações da Folha de S. Paulo