A tecnologia blockchain, que começou como a base do Bitcoin e outras criptomoedas, tem grande potencial para impactar de diversas maneiras o mercado de Segurança Cibernética. No passado, devido à novidade, as ferramentas baseadas nesta tecnologia tinham implementações muito caras. No entanto, muitos especialistas preveem que em 2023 ela será usada com mais frequência, garantindo proteção e transparência em um mundo digital cada vez mais vulnerável.
Esse avanço pode impactar diversas áreas da Segurança, incluindo proteção contra ataques cibernéticos, prevenção de fraude, privacidade de dados e a garantia de que as informações confidenciais permaneçam seguras. Pode também ser usada para armazenar informações críticas de Segurança, como chaves criptográficas, senhas e outros dados confidenciais, tornando-os mais seguros contra roubo ou perda.
Para Oded Vanunu, Chefe de Pesquisa de Vulnerabilidade de Produtos da Check Point Software, a tecnologia de blockchain está evoluindo ano a ano em termos de infraestrutura e inovação. Inclusive, apoiando outras grandes tendências da modernidade como Metaverso e a Inteligência Artificial, ajudando a garantir proteção e privacidade dos dados que são processados por sistemas de AI e que são usados em ambientes virtuais, com potencial para impor uma nova era de confiança no universo cyber.
“Blockchain não é mais uma buzzword. É uma tendência que está, de fato, avançando e tem tudo para ser uma ótima ferramenta para proteger a transação de dados. Se construirmos uma infraestrutura corretamente, de maneira muito segura para transferir as informações, o blockchain poderá fornecer a segurança correta nesta troca de dados”, pontua o executivo em entrevista para à Security Report.
A hora e a vez do mundo híbrido
Vanunu acredita também que o blockchain pode ser um complemento importante para a segurança da infraestrutura de TI em nuvem, principalmente devido aos modelos híbridos, considerados como a melhor saída para a inovação das empresas.
No universo cloud, uma das principais preocupações diz respeito às informações confidenciais armazenadas em um ambiente compartilhado e acessado por vários usuários. Ao usar o blockchain, as empresas podem fornecer uma camada adicional de segurança para seus dados armazenados na nuvem, usando recursos de criptografia ponta a ponta a fim de tornar os dados acessíveis apenas para pessoas autorizadas e que contenham as chaves de criptografia.
Na visão de Oded Vanunu, as redes blockchain farão parte da infraestrutura de nuvem, porém é necessário entender que existem diferentes componentes de rede que funcionam nesta tecnologia. “Ou seja, veremos cada vez mais redes blockchain conectadas às de nuvem e vice-versa, se tornando uma comunicação híbrida principalmente em ambientes Web3 e Web2”, acrescenta Vanunu.
Outra maneira pela qual o blockchain pode ajudar a aumentar a segurança da nuvem é através da implementação de contratos inteligentes, programas que executam automaticamente as condições estabelecidas sem a necessidade de intervenção humana. Isso pode ajudar a reduzir o risco de falhas de segurança e pode fornecer uma camada adicional de proteção.
Entretanto, o executivo chama atenção, pois existem empresas usando contratos inteligentes em blockchain que não cobrem 100% todos os aspectos estabelecidos ou podem conter vulnerabilidades. “Este é um código-fonte. É um software. Então, eventualmente, pode conter brechas, esse é o principal desafio dessas novas tendências”, completa.
Segundo ele, mesmo com os gargalos, a tecnologia de blockchain segue o caminho da resiliência e está se tornando popular, pois tem potencial de revolucionar a Segurança Cibernética. “Embora ainda esteja em desenvolvimento, essa tendência se tornará parte essencial do arsenal de SI para os próximos anos”, conclui.