Blockchain e o combate à lavagem de dinheiro

De acordo com Marcelo Bueno, diretor de vendas da NICE, empresas estão trabalhando para entender como essa nova tecnologia pode ser utilizada e o que ela pode representar para o futuro da indústria financeira

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“Que você viva em tempos interessantes” não é, na verdade, como muitos acreditam, um antigo ditado chinês. É mais provável que seja uma frase inglesa, cunhada no final do século 19 como uma tradução inadequada do ditado chinês original.

 

A premissa desta expressão é que é melhor viver a vida em paz (ainda que isso seja um pouco entediante), do que vivenciar tempos de mudanças rápidas demais, que geralmente estão associados a guerras e calamidades.

 

Mas no mundo da tecnologia, ironicamente, mudanças rápidas são a única constante. De fato, nós vivemos em uma época interessante em que novas tecnologias surgem o tempo todo e, algumas vezes, acabam se mostrando um fracasso. É interessante porque quando uma tecnologia é lançada, as previsões sobre como ela será usada na prática e como impactará a vida das pessoas nem sempre são corretas.

 

Veja o exemplo dos smartphones. Houve uma época em que era preciso agendar, de fato, um compromisso com alguém em uma hora, em um local específico, para que duas pessoas pudessem se reunir e trocar experiências. Naquela época, duvido que alguém tenha pensado que um smartphone não seria usado apenas como telefone móvel, mas também como câmera, dispositivo de gravação e até mesmo como carteira. Será que alguém imaginou que muitas pessoas prefeririam se comunicar por meio de mensagens de texto ou aplicativos como o WhatsApp e o Snapchat, em vez das tradicionais chamadas de voz?

 

O que estou tentando dizer é que nunca se sabe como as novas tecnologias acabarão sendo usadas. E, sim, estou falando sobre blockchain.

 

O Blockchain (algumas vezes chamado genericamente de “armazenamento distribuído”) é a nova sensação do momento, e parece que este tema tem surgido em quase todas as discussões.

 

Embora essa definição possa ser uma simplificação excessiva do termo, em essência, o armazenamento distribuído é uma nova forma de salvar dados de maneira compartilhada, mantendo a atualização dos mesmos.

 

Como qualquer nova tecnologia, o segredo está em como as empresas – tanto organizações de serviços financeiros quanto fornecedores de tecnologia – empregarão estas capacidades.

 

Estudo do World Economic Forum estima que em 2027 cerca de 10% do PIB global já esteja em Blockchain. Como vivemos em uma era de exponencialidades, passar da faixa dos 10% para 50% ou mais, não levará outros 10 anos, mas talvez aconteça em apenas mais três ou quatro anos.

 

O estudo Banks will quintuple spending on blockchain by 2019 prevê que os investimentos em blockchain chegarão a cerca de US$ 400 milhões em 2019. Os bancos estão fazendo grandes apostas nesta tecnologia, conforme pesquisa de serviços financeiros da Aite Group.

 

Da perspectiva do combate à lavagem de dinheiro, certamente muitas dúvidas surgirão. Por exemplo: será que os armazenamentos compartilhados permitirão maior transparência com relação à origem e ao uso de cada transação? Ou maior nível de anonimato? Quais são as novas topologias de Anti-money Laundering (AML) que podemos esperar? A resposta dependerá da forma como a indústria aproveitará as novas capacidades tecnológicas.

 

Enfim, algumas empresas estão trabalhando para entender como essa nova tecnologia pode ser utilizada e o que ela pode representar para o futuro da indústria financeira.

 

Vivemos em tempos interessantes. Os armazenamentos distribuídos podem causar uma revolução no cenário de combate à lavagem de dinheiro, levando a uma maior quantidade de informações disponíveis e transparência. De acordo com especialistas, a tecnologia de blockchain tem potencial para mudar os serviços financeiros tão profundamente quanto a internet mudou a indústria de mídia e entretenimento. O melhor para as organizações de serviços financeiros é que se mantenham a par dessas mudanças, para que se preparem para o impacto que poderão enfrentar no futuro.

 

* Marcelo Bueno é diretor de vendas da NICE

 

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